[Artigo publicado originalmente a 30 de outubro de 2012, data de apresentação do treinador belga. A 7 de janeiro de 2013, Vercauteren sai. O que mudou?]

Francky Vercauteren diz que o maior problema do Sporting, nesta altura, é «não ganhar» e essa é a sua primeira prioridade, inverter o ciclo de resultados negativos. Feito o primeiro reconhecimento sobre o clube, plantel e jogadores, o novo treinador diz que encontrou «potencial» e quer agora trabalhar sobre o que já existe de positivo e, sobretudo, no «aspeto mental» de um grupo onde encontra grande potencialidade para crescer. Quanto à pressão, o treinador belga diz que nasceu com ela.

O novo treinador chega a Alvalade numa altura em que o clube passa por um dos períodos mais negros da sua história. A primeira pergunta foi, assim, os motivos que o levaram a aceitar o convite. «Durante este último ano tenho refletido e definido as minhas prioridades. Trabalhei na Bélgica, nos Emirados e decidi, agora, escolher o que queria fazer, sem ligar a nomes, em termos de qualidade, de atitude e forma de jogar. O Sporting corresponde a tudo o que queria e era uma oportunidade que surgiu nesta altura. Às vezes surge no início da época e outras vezes a meio. Foi fácil escolher e não precisei de ver as instalações apenas o plantel, o potencial está lá.», começou por destacar Vercauteren.

Antes de assumir funções, o treinador assistiu à derrota diante do Genk (1-2) e, na segunda-feira, ao empate em casa diante da Académica. Duas exibições que certamente não terão sido do agrado de Vercauteren, mas isso, diz ele, é para discutir com os jogadores. «Tenho tido alguma falta de disponibilidade para falar com vocês [jornalistas], mas espero que compreendam. Os problemas da equipa, tenho de os comunicar aos jogadores e a mais ninguém. Tenho um pensamento positivo, acredito que os jogadores têm potencial que deve ser explorado. Não esperem de mim todas as respostas, compreendo o vosso trabalho, mas será com os jogadores que vou falar sobre os problemas. Há um problema que evidente, que é que não estamos a ganhar», referiu.

Essa foi uma tecla que o treinador insistiu em tocar. Os problemas da equipa são, para o treinador, essencialmente os resultados. Tudo o resto é para resolver dentro do grupo. «Já disse que o maior problema é não ganharmos. É com isso que o treinador tem de se preocupar, procurar quais as qualidades que temos e potenciá-las para voltarmos a ganhar. Podem ser aspetos táticos, técnicos, mas o principal problema é mental. Temos de dar confiança aos jogadores para que sejam mais eficazes», destacou.

Fora do grupo, o treinador vai contar com uma forte pressão do exterior, particularmente da parte dos adeptos que, como se viu no jogo com a Académica, não terão muita paciência para esperar por resultados positivos. «A pressão não é problema. Nasci com pressão e vivi sempre com pressão, vejo a pressão como uma energia positiva, não negativa. Quem quer jogar ao mais alto nível tem de saber a lidar com a pressão. Se não quisesse pressão ia para um nível mais baixo, mas também não ia ganhar nada. Sou ambicioso, tenho de aceitar a pressão», comentou ainda.