«Depois daquele jogo eu só pensava: Quero repetir isto!». O palco que, esta quinta-feira, pode ser o da festa do apuramento do F.C. Porto para a final da Liga Europa, deixa gratas recordações a Rui Nereu. A cidade de Vilarreal tem poucas ligações ao futebol português, mas explorando o ténue fio de ligação, não é difícil recordar a noite de estreia do ex-guarda-redes do Benfica, na Liga dos Campeões.

«Entrei a meio da primeira parte. Na altura, era um jovem acabado de sair da formação, e a pressão que tinha era outra, apesar de já ter alguma noção das coisas. Ainda assim, acho que só no final tive noção de onde tinha jogado e do jogo que tinha feito. Jamais esquecerei aquele dia», começa por dizer o actual guarda-redes do Arouca, em conversa com o Maisfutebol.

O Benfica de Ronald Koeman estava no início de uma época europeia de sucesso. Inserido no mesmo grupo de Villarreal, Manchester United e Lille, as águias tiveram um início titubeante, mas conseguiram carrilar até aos quartos-de-final, onde caíram frente ao Barcelona.

O jogo em Espanha acabou por ficar conhecido por dois momentos: o «golaço» de Manuel Fernandes e a estreia de Rui Nereu, que entrou à meia hora de jogo, para render o lesionado Quim. «Nem percebi bem onde estava. O Quim encorajou-me muito quando saiu, deixou-me à vontade para entrar e nem pensar que estava a jogar um jogo da Liga dos Campeões na casa de uma das principais equipas espanholas da actualidade», contou.

«Foi a melhor sensação da minha carreira»

O El Madrigal, casa do «submarino amarelo», estava a rebentar pelas costuras. Rui Nereu teve de se alhear do ambiente e fazer o seu trabalho. Era natural a dúvida em torno de um jovem guarda-redes que alinhava na equipa B. Nereu mostrou competência.

Três intervenções no segundo tempo, a última, aos pés de José Mari, a ser descrita como a defesa da noite. Seria batido, apenas, de grande penalidade, a vinte minutos do fim, por Riquelme.

«Foi uma das melhores noites da minha carreira, se não a melhor. Só pensava: quero repetir isto! Agora sei que não vai ser fácil ter uma noite como aquela. Foi a melhor sensação da minha carreira», confessa.

A noite mágica ainda lhe fervilha na memória. Tudo no El Madrigal ainda lhe é familiar. Ao contrário da cidade: «É engraçado que tenho memórias muito vivas do jogo em si, mas lembro-me de muito pouco da cidade onde jogámos. Também, praticamente, não saímos do hotel.»

Por fim, Rui Nereu deixa um aviso ao F.C. Porto. «O ambiente não é fácil. Lembro-me que quando eles marcaram, o apoio era ensurdecedor. Felizmente marcámos logo a seguir, porque quando eles fazem um golo recebem tanto apoio que parece que ficam mais perto de fazer outro», conclui.

Recorde o golo de Manuel Fernandes: