Nome: Virgílio Marques Mendes

Data de nascimento: 17/11/1927 (faleceu a 24/04/2009)

Posição: defesa-direito

Internacionalizações e golos na seleção: 39/0

Período de atividade: de 1947 a 1963

Clubes representados: FC Porto

Principais títulos conquistados: Campeão nacional pelo FC Porto em 1955/56 e 1958/59; Vencedor da Taça de Portugal em 1955/56 e 1957/58.



Foi dos poucos jogadores portugueses a correr todas as posições no terreno, só lhe faltou ser guarda-redes. Primeiro foi avançado, depois foi interior-esquerdo até que assentou forças no setor mais recuado do seu clube de sempre, o FC Porto. Ganhou dois campeonatos e o mesmo número de Taças de Portugal, espalhando a fama de um atleta duro e insistente perante a fantasia dos mais criativos.

Desde pequeno que o seu coração pulsava ao ritmo dos estrategas do Benfica e os sonhos eram arquitetados em função da cor vermelha e branca. Deixou o Entroncamento e partiu para Lisboa à procura da fama, mas Janos Biri mutilou-lhe todas as ideias. Regressou às origens e passava os dias nas oficinas da CP, sujo de óleo e com as esperanças completamente desfeitas. Queria ser futebolista, mas a sorte era um argumento fútil.

Depressa tudo se alterou, quando foi surpreendido por um convite do F.C. Porto. No pelado da Constituição entusiasmou as observações de Szabo logo nos primeiros pontapés. O húngaro viu nele um digno sucessor de Pinga. Por três contos de luvas e 800 escudos mensais aderiu para sempre à causa do dragão e nos últimos meses de 1947 assinou contrato com o rival do seu Benfica.

No jogo de estreia com a camisola da seleção portuguesa, deixou a crítica rendida à sua capacidade interior e física para desarmar os adversários. Virgílio era um jogador com garra, bastante determinado dentro do campo, capaz da corrida mais vertiginosa, nem que para isso tivesse de dispender algumas gotas de sangue. Em Itália, sentiu o peso das quinas no peito e a sua ação esteve na origem de uma alcunha histórica: «Leão de Génova». Se não fosse a sua determinação, Portugal seria ainda mais humilhado e o resultado ultrapassaria os expressivos números do 4-1 final.

A Europa depressa se rendeu a tamanha garra e sentido colocação na ala direita da defesa. O Celta de Vigo ofereceu-lhe 500 mil pesetas e um ordenado mensal de 15 mil pesetas, mas rejeitou a proposta. O FC Porto já fazia parte da sua vida, apesar de lhe ter originado algumas lágrimas no rosto. Quando deixou de ser interior-esquerdo, e passou a fazer dos terrenos mais recuados o seu campo de acção, chorou como uma criança. Sentia-se desaproveitado e não entendia a decisão de Scopelli, mas o tempo encarregou-se de trazer-lhe a fama.