Vitalii Kurylchyk tem 22 anos e fugiu da guerra na Ucrânia depois de ter estado perto de prosseguir o percurso no futebol com um contrato nas ligas profissionais do seu país. Agora, está em Portugal e espera encontrar um «contrato profissional» para se realizar «como jogador e homem», depois de ter jogado um ano na AF Setúbal, pelo Comércio e Indústria, clube que ajudou à qualificação para a Taça de Portugal 2023/24, com o segundo lugar na 1.ª Divisão distrital.

A integrar o Estágio do Jogador, organizado pelo Sindicato dos Jogadores, Vitalii recordou o que mais lhe custou ao sair da Ucrânia, onde chegou a cruzar-se, na formação do Shakhtar Donetsk, com o mais recente guarda-redes do Benfica, Anatoliy Trubin, bem como com Mykhailo Mudryk, atacante do Chelsea.

«Quando começou a guerra surgiram muitos problemas e vi muitas pessoas desorientadas, que perderam tudo. Só tinham uma mala com documentos e não sabiam o que fazer. Na nossa casa, chegou uma altura em que viviam perto de 20 pessoas que nem conhecia. Lembro-me bem desse momento, era muito difícil deixar a minha família, mas os meus pais disseram que eu tinha de sair e decidi ir para a Europa continuar a jogar futebol e seguir o meu futuro», referiu, em entrevista aos canais do Sindicato.

Sem detalhar como chegou a Portugal, Vitalii está a ter a experiência no Sindicato depois de ter jogado pelo Comércio e Indústria em 2022/23 e ainda nos húngaros do Tarpa SC.

Vitalii lembrou ainda onde é que estava no dia 24 de fevereiro de 2022, dia da invasão russa, numa altura em que se preparava para assinar com o Kremin Kremenchuk, da II Liga ucraniana. «Lembro-me muito bem daquele dia. Estava na cidade de Kremenchuk, estava tudo pronto para assinar contrato com o Kremin, mas na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, às 5h00, recebi uma chamada telefónica do meu primo a perguntar-me onde é que eu estava. A minha família vive em Kharkiv, onde começaram os ataques dos russos naquele dia. Quando começámos a falar, percebi que tinha começado a guerra. Ligámos para as famílias e, a partir daquele momento, já não fazia sentido continua na equipa e cada um começou a tratar da sua vida e a rezar pelos seus familiares», disse Vitalii, que agora procura nova oportunidade no futebol em Portugal.