Os números falam por si. São 26 títulos. Oito campeonatos, quatro Taças de Portugal, sete Supertaças Cândido Oliveira, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões. Vinte e um troféus erguidos ao serviço do F.C. Porto. Mais um campeonato espanhol, duas Taças do Rei, uma Supertaça espanhola e uma Taça das Taças. Cinco êxitos em defesa do Barcelona, onde esteve entre 1996 e 1998. São 26 títulos. Vítor Baía é o jogador português com mais troféus conquistados. Muito à frente do mítico Eusébio, que só coleccionou 18 êxitos. E à frente do rei Pelé e do holandês Rijkaard com 25 momentos de glória.

Mas as particularidades em torno do guarda-redes do F.C. Porto vão muito além de um simples número gordo. As estatísticas dizem que Vítor Baía faz parte de um restrito lote de dez futebolistas que conseguiu erguer os três troféus europeus a nível de clubes: Liga dos Campeões (2003/04), Taça UEFA (2002/03) e a extinta Taça das Taças (1996/97). São eles: Blind, Brio, Cabrini, Cudicini, Scirea, Tardelli, Tacconi, Muhren, Vialli e... Vítor Baía. É o único português a entrar neste top e o único atleta deste grupo em actividade. O segundo guarda-redes da história do futebol a alcançar este apetecido tridente, depois de Tacconi ter tocado no céu ao serviço da Juventus.

No que diz respeito aos recordes, as proezas vão muito para além do número de títulos. É preciso recuar no tempo para perceber o fenómeno Vítor Baía na sua plenitude. Na época 1991/92 estabeleceu um novo recorde de inviolabilidade na 1.ª Divisão e esteve 1192 minutos sem sofrer golos para o campeonato. Foi batido por José Pedro, à quarta jornada, num confronto com o Marítimo, ficando em branco até à 17.ª ronda, quando os azuis e brancos se deslocaram a Guimarães, onde consentiram um empate (1-1). Paulo Bento marcou-lhe o golo... de grande penalidade. Tinha 22 anos e já começava a ser um fenómeno.

Transferência milionária para Barcelona

Esta época voltou a ver o seu nome estampado nos jornais por ser o primeiro guarda-redes português a ser considerado pela UEFA o melhor no seu posto numa edição da Liga dos Campeões. Bateu Casillas e Buffon. É facto que a conquista do troféu por parte do F.C. Porto muito contribuiu para a nomeação, mas é inegável o excelente momento de forma que atravessa. Faz lembrar os tempos da sua juventude.

Recuando no tempo, Baía e tornou-se no guarda-redes mais caro de sempre da história do futebol. Em 1996, quando chega a acordo com o Barcelona, os catalães pagam ao F.C. Porto 6,5 milhões de euros, uma verba recorde para a altura. Porque já era o melhor do mundo na sua posição, segundo uma votação levada a cabo pelos 20 treinadores da liga espanhola.

Na selecção portuguesa, o guarda-redes do F.C. Porto também impõe a sua imagem de marca. Em 1999 bate o recorde de inviolabilidade e está oito jogos consecutivos sem sofrer golos: Roménia (1-0), Eslováquia (3-0), Israel (3-0), Holanda (0-0), Azerbaijão (7-0), Liechtenstein (5-0), Eslováquia (1-0), Liechtenstein (8-0) e Andorra (4-0). Soma 80 internacionalizações e é o guarda-redes português com mais jogos ao serviço da equipa das quinas, muito à frente de Bento, com 63 desafios, que durante muitos anos ostentou essa máxima.