Não é segredo para ninguém. Um clube que tenha a ambição de subir de divisão sabe bem que as probabilidades de fazê-lo aumentam com um pequeno passo: contratar Vítor Oliveira.
 
Ter o treinador no comando técnico de uma equipa é meio caminho andado para a subida. Pelo menos, é o que dizem os números.

No domingo passado, Vítor Oliveira subiu mais um clube. Desta feita, o União da Madeira após um ano de trabalho. 

O técnico, de 61 anos, já tinha feito o mesmo com Paços de Ferreira, Académica, Leixões, União de Leiria, Belenenses e Arouca. E podemos ainda acrescentar o Moreirense, na época passada. Afinal de contas, Vítor Oliveira começou a época em Moreira de Cónegos e saiu quando o clube liderava a II Liga.

Sendo assim, contabilizam-se oito subidas.

Curioso é, também, que Vítor Oliveira leva as equipas até ao escalão máximo do futebol português e deixa-as muitas das vezes após esse feito.

Para além dos clubes acima referidos, o técnico, natural de Matosinhos, já orientou o Famalicão, Portimonense, Maia, Gil Vicente, V. Guimarães, Sp. Braga, Rio Ave, Trofense e Desp. Aves.

Em entrevista ao Maisfutebol o técnico falou da carreira, da dificuldade que significa subir uma equipa numa divisão tão competitiva como a II Liga e de muito mais. Confira.
 
Por que é que tem por hábito deixar as equipas após a subida?
Isso tem acontecido, mas não aconteceu com todas. Já continuei. No União da Madeira até podia continuar, não fosse o afastamento que existia entre presidente, diretor e treinador, que estavam totalmente incompatibilizados. Preferi sair e deixar o clube escolher um treinador que esteja mais sintonizado com as suas ideias.

Ainda assim, quando aconteceu foi porquê?
Por várias razões. Faço sempre a ponderação dos fatores positivos e negativos. Naqueles em que os fatores positivos foram maiores, fiquei. Mas naqueles que entendi que os fatores negativos eram preponderantes, saí. 

Foi só por isso mesmo?
Não. Para mim, há um aspeto que é muito importante: gosto muito de ganhar. A possibilidade de ganhar numa equipa da Liga de Honra, que tenha acesso à Liga, é muito maior do que numa equipa que vai lutar pela permanência.

O que é que o desafia enquanto treinador?
Ganhar. Isso é o mais importante. Se me chamarem para uma equipa da Liga em que tenha essas possibilidades muitas vezes é aliciante. Se não tiver, se for para lutar única e exclusivamente pela manutenção, então prefiro ir para um escalão inferior e subir.

Por falar nisso, já subiu sete equipas de divisão e ainda ajudou o Moreirense, no início da época passada, a conseguir o mesmo feito. É assim tão fácil?
Não. É muito difícil, é custoso, implica um grande desgaste, mas felizmente tenho tido a sorte de ter equipas técnicas que têm partilhado comigo as coisas boas e as coisas más e me têm ajudado. E tenho tido bons planteis. E isso, digamos, é o essencial para subir. Depois há fatores que podem fazer a diferença na reta final ou durante o campeonato e que nos ajudam a subir até lá a acima.
 
Mas é o treinador português com mais subidas… qual é o segredo?
Não tenho segredo. O segredo das boas equipas depende do trabalho que é desenvolvido pelas equipas técnicas. E, como fator determinante, da qualidade dos jogadores. Quem tem bons jogadores tem uma maior possibilidade de fazer equipas boas e com boas equipas o sucesso fica mais próximo.
 
Motiva as equipas de alguma forma em especial?
A técnica de motivação depende. São técnicas que vamos aprendendo e fazendo mediante a experiência, a fase da época e dos resultados. Não temos ninguém para tratar dos aspetos motivacionais, tem de ser o treinador que conversa com os jogadores, contando as suas experiências e coisas que já foram vividas enquanto jogador. Os anos também nos vão enriquecendo. Dão-nos ferramentas para lidar com os jogadores e motivá-los naquilo que achamos mais importante.

Tem por hábito falar com os jogadores?
Sim. Falo muitas vezes, muitas vezes mesmo. Diariamente entre cinco a dez minutos com toda a equipa e depois individualmente também falo muitas vezes. Depende da necessidade.
 
E é mais motivador treinar uma equipa que tem como objetivo a subida?
Inquestionavelmente que sim. É melhor trabalhar com uma equipa que quer subir, que tem objetivos grandes e bem delineados. Se assim não for é mais difícil trabalhar. O objetivo da subida é atingir o máximo. E é mais fácil motivá-los assim. A meu ver, quem não tiver objetivos altos e não os tenha bem definidos, dificilmente vai obter o êxito.

Qual foi o clube que mais custou a subir?
Foi o União da Madeira. Foi aquele onde tivemos mais opositores e menos condições para ter êxito. Foi preciso um esforço tremendo da direção, que cumpriu sempre tudo que estava contratualizado, da equipa técnica e também dos jogadores, que tiveram de se superar de forma a levarmos a melhor sobre opositores mais fortes.





Leia o resto da entrevista:
Sabe qual foi o melhor jogador que Vítor Oliveira já treinou?​
«Tenho uma carreira muito bonita e não tenho que me queixar»