Vítor Pereira faz um balanço «francamente positivo» da temporada 2010/11, no que diz respeito às arbitragens. O presidente da Comissão de Arbitragem da Liga lembrou que as críticas negativas se foram «esvaziando» com o decorrer da prova e vincou que, no campeonato, ganha sempre a equipa «mais regular».

«É uma maratona de 30 jornadas, normalmente vence o mais competente. Na época anterior, o professor Jesualdo disse que o vencedor tinha sido a equipa mais regular, esta ano aconteceu o mesmo, mas ao invés. O facto de as críticas negativas se terem esvaziado é um bom sinal. Quer dizer que as arbitragens foram correspondendo às expectativas. O balanço foi francamente positivo», considerou Vítor Pereira, em conferência de imprensa realizada na sede da Liga de Clubes.

A média final das avaliações fixou-se nos 3,60, um centésimo a mais que os 3.59 do ano passado. Vítor Pereira frisou que a subida, apesar de ténue, é de saudar, uma vez que entraram cinco jovens árbitros e perderam-se outros «com grande experiência», como Lucílio Baptista e Pedro Henriques.

Para melhorar as prestações dos árbitros, o dirigente entende que o caminho ideal passa pela profissionalização. Para tal é necessário «regulamentar» o sistema jurídico e que haja «vontade política e jurídica para avançar».

«O caminho para aumentar a margem de acerto é trabalhar mais e com maior rigor. Temos de mudar o modelo de treino, que já não é mais consentâneo com a responsabilidade que os árbitros têm. O passo decisivo será a mudança para a profissionalização. Confio que seja na minha geração», afirmou.

Portugal foi o segundo país mais escolhido para a Champions

Para a nova temporada, Vítor Pereira traça como objectivo conseguir levar uma equipa de arbitragem ao Euro 2012 e ainda deixa uma interrogação: «Por que não uma final europeia?»

«Nos jogos da Champions, Portugal ficou em segundo çlugar no ranking europeu, com 11 nomeações. Só a Alemanha, com 14, teve mais jogos que Portugal. Tivemos uns quartos-de-final e umas meias-finais da Liga dos Campeões, as meias-finais do Euro sub-17 e um nível geral de pontuações muito boas. Isto significa que os árbitros têm qualidade e se têm qualidade no estrangeiro também têm em Portugal», frisou.

«Todos devem estar gratos a Elmano Santos»

Vítor Pereira confessou ainda, que, pessoalmente, preferia que os árbitros de baliza fossem «mais interventivos» e elogiou a lei inglesa que impede os treinadores de, bem ou mal, se pronunciarem sobre arbitragens no fim do jogo, embora saliente que é um aspecto que está a mudar em Portugal. «Temos sentido, ano após ano, melhorias neste campo», resumiu, frisando ainda, que os jogos negativos são, sempre, a excepção.

«É natural que, em 300 jogos, juntando os campeonatos e a Taça da Liga, haja seis ou sete que sejam maus. Estamos a falar de um por cento. Mas também é natural que a natureza humana se foque mais no erro», admitiu.

Por fim, o líder máximo da arbitragem em Portugal debruçou-se sobre o final de carreira de Elmano Santos, consumada nesta última jornada da Liga de Honra.

«Uma carreira de 25 anos, quando é levada com seriedade, empenho e determinação deve merecer o respeito de todos e acho que todos devem estar gratos ao Elmano Santos por ter dedicado 25 anos da sua vida à arbitragem», considerou.