Vítor Pereira surgiu mais solto na conferência de imprensa: após o primeiro título de campeão nacional como treinador principal, sente-se que é um homem com o sentido de dever cumprido. Sorri muito mais, admite erros, responde às perguntas sem carregar no tom de desafio.
Por isso diz compreender as dúvidas que houve ao longo da temporada em torno do trabalho que estava a fazer. «Esta é uma profissão posta à prova diariamente, os nossos adeptos são muito exigentes, mas no momento de reconhecer o nosso trabalho, tambem sabem fazê-lo», referiu.
O mais difícil, acrescentou, foi gerir as expectativas de um grupo de jogadores que no ano anterior tinha ganho tudo. «Depois de tanta vitória, de tantas conquistas, é natural que os jogadores elevem as suas expectativas de vida. O ponto de viragem foi o tomar de consciência disso mesmo.»
«Acredito que a grande dificuldade para mim ou para qualquer outro treinador que cá estivesse este ano, seria ultrapassar e gerir essas expectativas legítimas de quem ganhou tanto no ano anterior. Se sentia que os jogadores queriam dar o salto para um clube maior? Estamos num grande clube.»
«Sinto um orgulho enorme de toda a gente que aqui trabalha. As expectativas são coisas legítimas do ser humano. Mas não acredito, sinceramente, que se consigam ganhar campeonatos quando não há uma comunhão forte de objetivos entre equipa técnica, jogadores, estrutura e administração.»
Conquistado o título, Vítor Pereira lembrou que foi um troféu ganho com muito sacrifício, com muito trabalho, pelo que a festa que fez foi sobretudo interior. «Sou uma pessoa que está satisfeita, sem dúvida, mas a minha alegria é uma alegria interior. Não sou muito de extravasar sentimentos.»
«Fiquei feliz com aquilo que foi a nossa festa, estou muito satisfeito, mas na hora de ganhar um título, e um título como este foi ganho com muito sacrifício, é disso tudo que me lembro e que me vem à memória. É uma festa interior e a alegria de ver a satisfação da massa associativa.»