O FC Porto está a crescer. Os sinais positivos que se viram contra o Chivas tiveram continuidade em Guimarães, novamente com um primeiro tempo muito bom, que ficou a pedir outra continuidade, mas que o rumo que o jogo levou não ajudou, também, a que assim fosse. Ficam, assim, mais boas impressões de um FC Porto em remodelação mas que caminha a passos largos para a solidez. E triunfos como o desta noite, num particular que foi quase a sério, ajudam a lá chegar.

De facto, só no nome o jogo foi amigável. Não que tenha sido violento. Foi, isso sim, disputado do princípio ao fim. Controlado pelo FC Porto durante toda a primeira metade, dividido a partir do momento da expulsão de André André, o lance que lhe mudou a face.

Mas já lá vamos. Antes o primeiro tempo, que teve muito para contar e sempre, é preciso dizê-lo, com letras azuis e brancas. O FC Porto entrou mandão, no já habitual 4-4-2 de Sérgio Conceição. Com Danilo apto, o técnico não perdeu a oportunidade de lançar a dupla que poderá muito bem ser aquela que iniciará a época no meio campo, juntando o internacional português a Óliver Torres. Nas alas, Corona e Otávio, a servir a dupla de avançados formada por Aboubakar e Soares, que escreveria a história do encontro. Lá atrás o quinteto de sempre: Ricardo está mesmo na frente de Maxi e o resto vem da época passada.

FICHA DE JOGO E AO MINUTO

A isto, o Vitória respondeu com um 4-2-3-1, também sem reforços. Texeira foi o ponta de lança de serviço, apoiado por um trio formado por Sturgeon, Tozé e Raphinha. O problema para a equipa de Pedro Martins é que o ataque quase nunca se viu. Facilmente manietado pela linha defensiva do FC Porto, o Vitória correu mais atrás da bola do que com ela.

A posse de bola nem é novidade no FC Porto. Novo mesmo é o apetite voraz pela baliza. Mais uma vez, a equipa de Conceição jogou sem pedir licença para atacar e com os olhos no golo. Não marcou mais cedo por desacerto de Otávio, em dois lances quase seguidos: no primeiro picou sobre Douglas mas errou o alvo, no segundo desviou ao lado um centro de Alex Telles.

Tudo isto foi antes dos dez minutos, mas o FC Porto não desacelerou a partir daí. Pelo contrário. Continuou em cima do Vitória, à procura do golo, que a trave negou a Soares, mas que Aboubakar não rejeitou quando teve hipótese.

O camaronês aproveitou o primeiro erro de Josué no jogo, num passe arriscado para Moreno que, a somar, escorregou, para correr para a baliza, tirar Douglas da frente e marcar. O golo dava lógica e justiça ao que se via e o segundo, que veio cinco minutos depois, agora por Soares, também encaixou perfeitamente no filme.

Outro erro defensivo de Josué, agora num atraso de cabeça que não saiu, e um toque simples do brasileiro, desviando de Douglas.

FC Porto aguenta-se com dez

Quando o árbitro apitou para o intervalo já o ritmo do jogo era mais baixo. Com dois golos de vantagem, o FC Porto, naturalmente, desacelerou e controlou à distância. O Vitória aproveitou para fazer os únicos remates do primeiro tempo, mas sem incomodar Casillas.

Era, porém, um prenúncio daquilo que seria a segunda parte, onde o FC Porto já não conseguiu o domínio da primeira. A expulsão de André André, após entrada muito dura sobre Hurtado que João Pinheiro não perdoou, equilibrou a balança. Conceição corrigiu logo a equipa, trocando Aboubakar por Herrera, já que Danilo havia ficado no balneário precisamente para entrar André André.

O FC Porto teve de jogar de forma diferente. Mudou o formato do treino, se assim se quiser interpretar. É verdade que ainda dispôs de uma flagrante ocasião numa bela jogada de combinação finalizada por Ricardo, o melhor em campo. O lateral, que mais tarde foi extremo, faz do corredor direito a sua casa e já começa a ser difícil perceber como vai sair do onze. O mais provável é que não saia mesmo.

Quanto ao Vitória, mesmo tendo mais bola e jogando bastante mais tempo no meio campo adversário por comparação com o primeiro tempo, não dispôs de muitas ocasiões para reentrar na disputa. Uma delas, porém, foi flagrante. Uma má reposição de José Sá, que defendeu na segunda metade, apanhou a defesa desequilibrada e Texeira ficou bem perto de marcar, valendo Felipe, ao FC Porto, com um corte em cima da linha. Nas bancadas pedia-se vídeo-árbitro, mas a razão era do assistente Nuno Eiras: a bola não entrou.

Não conseguindo renascer ali, o Vitória acabou por ficar moribundo até ao final, preso na segurança defensiva do FC Porto, um extra para este jogo, que pode até ser visto como uma versão melhorada do duelo com o Chivas: voltou a deixar excelentes indicações na primeira parte e, agora, juntou-lhe a segurança das grandes equipas, que nem com dez abanam.

O resultado foi a vitória, a conquista do Troféu Cidade de Guimarães e, ao mesmo tempo, uma mensagem aos candidatos: o FC Porto quase não tem reforços (embora tenha várias novidades...) mas tem estabilidade para fazer uma equipa que honre os pergaminhos do clube. Os primeiros sinais, pelo menos, são animadores.