[Foto: Vitória de Guimarães]

A quarta derrota do Sporting na pré-tempoarada chegou rápida e sem aviso. Deixou um mar de dúvidas quanto ao sistema de três defesas que Jorge Jesus anda a testar e não só pelo aspeto defensivo, embora haja atenuantes para o pouco jogo com bola.

O esquema de três defesas vai ser debatido depois de o V. Guimarães ter chegado a uma vantagem de 2-0, e que até aumentou, ainda que o leão o tivesse tentado reduzi-la.

E isso é justo dizê-lo, também. Talvez fosse merecido até.

Mesmo com menos uma unidade, o Sporting superiorizou-se ao Vitória. Teve ocasiões para marcar e foi perdulário. Talvez a parte mais provável, quando se percebeu que Bas Dost tinha ficado em Lisboa e que Miguel Silva estava inspiradíssimo.

Adrien e William: dois atenuantes

Capitão e vice-capitão. Os dois nomes mais falados no defeso leonino surgiram nesta quarta-feira a titulares. Servem, ambos, como atenuantes para o leão.

A experiência da linha a três foi feita, nesta ocasião, com Coates, Petrovic e Tobias Figueiredo. Jonathan Silva jogou pela ala esquerda e Bruno César na direita. Precisamente, o sítio onde o Vitória encontrou o homem mais decisivo de todo o encontro: Raphinha.

O brasileiro partiu a defesa do leão, descoordenou-a por completo em velocidade, pelo espaço que Bruno César deixava e onde Coates não acudia a tempo.

Por ali, o Vitória obrigou o setor recuado do Sporting a compensar: pois Petrovic seguia o uruguaio e Tobias o sérvio. Jonathan Silva, obviamente, vinha a seguir. Mas chegou duas vezes tarde nas costas do trio e os minhotos foram letais: Estupiñan com um remate ótimo e Hurtado com uma finalização simples na cara de Beto.

Os problemas leoninos não eram unicamente atrás. Se a ideia é que o ataque em organização ofensiva coloque mais gente de início, neste esquema; ofereça mais soluções interiores e entre linhas; catapulte os alas; o Sporting teve pouco disso.

Ninguém duvida da capacidade de William e Adrien, mas o ritmo que nenhum deles tem no momento serve para atenuar o pouco desequilíbrio que o leão conseguiu em 3x4x3, em que uma transição rápida para Iuri Medeiros e um remate de Petrovic na sequência de bola parada foram as únicas jogadas de perigo que os verdes e brancos conseguiram com aquele sistema.

Isto porque com 24 minutos, o Sporting mudou. Ou melhor, foi obrigado a mudar. Coates cometeu um erro individual e acabou expulso por derrubar Estupiñan, quando este ia sozinho para a área, já.

Petrovic deu lugar a Palhinha, e o Sporting reorganizou-se para uma linha de quatro defesas, que deixou bem mais confortável os jogadores e colocou Matheus e Doumbia perto do golo.

Aquela falta de ritmo de Adrien e William de que se falou, notou-se também pelas entradas de Battaglia e Bruno Fernandes. O 4x4x1 com que o Sporting voltou do descanso poderá ter influenciado, o próprio desacelerar do Vitória também, mas o leão foi melhor no segundo tempo. Mesmo com dez.

Isso é uma nota positiva que os sportinguistas podem tirar do encontro: com menos um, a equipa podia ter marcado. Miguel Silva fez várias boas, e difíceis, defesas pois Gelson Martins não só continuou o trabalho de Iuri Medeiros na direita como o melhorou.

FILME DO JOGO

O Vitória? Passou por um período complicado, até porque o Sporting tinha trocado muita gente ao intervalo e Pedro Martins manteve 10 em 11 (Zungu saiu, entrou Rafael Miranda).

Ainda mostrou problemas defensivos e eles começaram com a lesão de Josué no aquecimento. Passaram por Iuri Medeiros e por Gelson Martins. Mas com Raphinha em grande momento de forma e a fazer o 3-0, de novo, numa jogada rápida, o Vitória deve estar mais atento ao setor recuado do que com o ataque neste momento e deixar que Raphinha seja preocupação para outros.

O Sporting nunca se entendeu com a velocidade do brasileiro e com o primeiro jogo oficial a 6 de agosto, Jesus tem tempo e treinos suficientes para afastar apreensões idênticas que outros possam causar ou rever este 3x4x3 que o leão não conseguiu compensar depois do 2-0 em menos de 25 minutos. Em suma, deve pensar se este esquema vale mesmo a pena.