O grito ainda deve estar a ecoar por Lisboa, neste preciso momento. O grito do speaker do Restelo e dos adeptos fiéis que estiveram no estádio nesta tarde. O 2-1 de Fredy foi o soltar de tensão acumulada do Belenenses, que com um triunfo sobre o Vitória e o com o resultado do Olhanense baralha de novo todas as contas da parte debaixo da Liga. O jogo terminou 3-1 graças a bis de Fredy a dar o descanso final aos de Belém e a deixar os minhotos com reduzidas hipóteses de repetir presença europeia.

Uma entrada absolutamente em falso retirou todo o moral que o Belenenses tinha trazido de um triunfo em Barcelos e deixou os lisboetas, já aflitos na classificação, com a cabeça à roda frente a um Vitória que começou superior, mas que mostrou também ter arte para dar tiros no pé. Esta última, uma referência para Malonga, nome chave neste encontro.

Ora, para uma equipa entrar em falso significa que a outra teve um início «antónimo». O Vitória marcou cedo, com um remate de Crivellaro a desviar em João Afonso e a bater Matt Jones, naquela fase em que ainda ninguém percebeu o que é o jogo, o que vai dar, que estratégias vinham daí. A única coisa que se percebia eram os onzes e que Rui Vitória jogava em 4x1x3x2. Crivellaro aproveitou estar como interior esquerdo para atirar.

Depois desse golo aos dois minutos, sim, confirmou-se. O Vitória era melhor sobre o relvado, era quem mais atacava: uma tendência que se foi invertendo aos poucos e, por fim, aos muitos com a expulsão de Malonga. Um disparate do vitoriano. Já tinha um cartão amarelo por uma entrada fora de tempo e depois atingiu João Meira na canela. Soares Dias acertou na expulsão, talvez tenha errado na cor do cartão.

Antes da expulsão, o jogo tinha ficado aberto, naquela altura em que a tendência se inverteu. Moreno tinha atirado à trave, Miguel Rosa desperdiçado a jogada mais bem delineada do desafio com um pontapé na área ao lado.

O intervalo chegou com vantagem mínima dos minhotos, enquanto o Belenenses passou dez minutos a desaproveitar a superioridade numérica. Ou seja, foi preciso ir ao balneário buscar as ideias para ultrapassar os dez do Vitória sobre o relvado. Ali, na expulsão de Malonga tinha começado outro jogo, que o Belenenses só iria saber jogar a partir do empate.

Os lisboetas estavam a demonstrar uma enorme incapacidade para jogar entre as linhas do Vitória, bem mais compacto no miolo. Por isso, quando Rojas foi para o meio e Geraldes cortou nas costas da defesa (em posição irregular), o movimento apanhou quase de surpresa a defesa minhota. O lateral colocou ao segundo poste onde Deyverson empatou.

A jogada repetiu-se mais vezes, tanto à direita como à esquerda com o Belenenses a criar espaços. Ainda assim, foi à terceira decisão de grande penalidade que Soares Dias acertou. Tinha analisado mal duas, uma sobre Tiago Silva outra sobre Deyverson, ajuizou bem a mão de Tomané. Fredy não desperdiçou e o Restelo entrou numa gritaria.

O Vitória ainda tinha um fôlego, rematou duas vezes à malha lateral com o Belenenses a perder inteligência e a ganhar coração a mais para o que era pedido. Ainda assim, Rojas teve tempo para inventar uma jogada e dar a Fredy novo golo. Triunfo selado, o segundo consecutivo o que é inédito na temporada, e que deixa o Belenenses, pelo menos por um par de dias fora dos lugares de descida.