É uma reação ao caso Marega totalmente diferente de tudo o que se viu até agora. João Reis, ator e adepto vitoriano assumido, diz que sentiu vergonha do clube pelo qual torce.

Mas vamos começar desde o início. Antes de mais, o ator português começou por justificar o timing da sua publicação com o facto de não se confundir a sua opinião com um aproveitamento da situação.

«Nestas coisas, gosto sempre de deixar assentar a poeira, porque há sempre aproveitamentos ilícitos de pessoas que são elas próprias responsáveis por este clima de ódio e caos generalizado que se vive», começou por dizer.

Depois disso, sim, o adepto vitoriano, residente em Lisboa, condenou o ato de racismo, apontando a uma reflexão de todos os ativos do mundo do futebol e uma introspeção para o seu caso familiar.

«Não! Este não é o meu clube, não é o meu Vitória, não é o respeito, a alegria, a festa e o prazer de ver um bom jogo de futebol que o meu pai e o meu avô me ensinaram», escreveu.

«O que se passou com Marega é vergonhoso e devia envergonhar-nos a todos, os que seguem ou querem seguir o futebol com paixão e fairplay. Como é que eu explico ao meu filho, que nasceu em Lisboa, mas que tem o Vitória no coração, que é sócio e me acompanha em todos os jogos, no estádio e na tv, que um jogador que até já representou as nossas cores foi insultado e humilhado de forma ignóbil perante os nossos? Há alguma coisa, a não ser a ignorância pura e o racismo sem piedade que justifique tal atitude?»

João Reis considera que se chegou a um ponto de «tolerância zero» no futebol português, e que é necessária uma reação forte dos organismos que o tutelam.

«Haja o que houver, a partir de agora chegámos ao ponto da tolerância zero, e é preciso um sinal claro da Federação e do governo para pôr um fim a estas histórias que teimam em repetir-se e a manchar os desígnios do desporto. Lugar de partilha, de tolerância, de igualdade, de superação, de respeito, de festa e de amizade.»