Um contacto ocasional, motivado por um jogo que lhe despertará as memórias. Umas mais recentes que outras, é certo, mas capazes de lhe prender a atenção em 90 minutos de nostalgia. Álvaro Magalhães espera que o telefone toque e assume um cumprimento especial quando percebe que lhe vão falar de futebol. É disso que mais gosta, é a esse mundo que quer regressar o mais rapidamente possível. Fala-se insistentemente do Estrela da Amadora, limita-se a sorrir, jurando que «nada há de concreto». Não faz parte do seu feitio, de resto, apregoar aquilo que não tem, por isso reduz tudo à condição de rumor. «Se falam de nós é porque gostam do nosso trabalho, o que é um bom sinal, mas só costumo assumir as coisas quando estão concretizadas e, neste momento, não há nada para assumir». 

Tema encerrado, portanto. Falava-se então, em exclusivo, do Benfica-Guimarães, partida de importância extrema para cada uma das equipas. As ambições são distintas, uma luta pela UEFA, a outra corre para não descer, mas os sentimentos são desconhecidos e surpreendentes. «Vai ser um jogo de grande ansiedade», prevê Álvaro, que brilhou como defesa na Luz e interrompeu, recentemente e por momentos, a carreira de treinador em Guimarães. «Será muito importante para as duas equipas», prossegue, partindo de seguida para uma análise bipartida. «Nunca aconteceu nada assim ao Benfica», lembra, rendendo-se a uma evidência clara: «Correm o risco de, pela primeira vez na história do clube, ficarem fora das competições europeias». 

Do outro lado, de branco, estará uma equipa também a pisar em brisas, proibida de continuar a perder pontos, sob pena de se afundar numa classificação anormal nos últimos anos. «Pois, será também muito importante para o Guimarães», concorda o treinador. «Se perderem, ficam em situação complicada, se bem que ainda com esperanças, já que podem conseguir depois, nas jornadas que falta disputar, alcançar o número de pontos necessário à manutenção». Num plano afectivo, independentemente de todos os preceitos desportivos, mais ou menos discutíveis, Álvaro torce para que os vimaranenses continuem na I Liga. «Espero que consigam manter-se, uma vez que representam uma cidade e uma massa associativa que gosta muito de futebol». 

Opiniões assumidas, prognósticos contidos. Álvaro fica-se pelo mais coerente, indeciso entre um amor antigo e um amor fugaz, mas igualmente intenso. «Que seja um grande jogo», arrisca, crente que a pressão colocada nos ombros de cada um dos 22 jogadores poderá servir de estímulo sumplementar. «Favorito talvez seja o Benfica, porque joga em casa, mas creio que tem tudo para ser um encontro com algum equilíbrio, por isso que ganhe o melhor».