Os 13 anos que Miguel passou na então designada I Divisão fazem-no guardar muitas e boas recordações dos anos que viveu em Guimarães, Alvalade e Barcelos.

O percurso do central do Trofense é rico em boas experiências. Tudo começou em Guimarães... «Será talvez o clube que mais me marcou. É o clube da terra e tive a sorte de apanhar uma altura em que o Vitória tinha uma equipa fantástica». Corria ainda a década de 80, o Guimarães destacava-se como um clube de topo em Portugal.

«Ficámos por duas vezes em terceiro lugar no campeonato, à frente do Sporting, e fomos aos quartos-de-final da Taça UEFA. Por tradição, fazíamos grandes jogos com as melhores equipas. Aliás, até me estreei com um grande, frente ao Benfica, e ganhámos 2-0. Nas Antas, por exemplo, lembro-me de um jogo extraordinário, em que empatámos, com dois golos do Paulinho Cascavel, e em que estivemos por duas vezes em vantagem». O baú das recordações deixa Miguel com uma «pontinha de nostalgia». «Tínhamos uma grande equipa», reforça. E até se lembra do onze base: «Jesus; Costeado, eu próprio, o Nené e o Carvalho (às vezes jogava o meu irmão Basílio a lateral-esquerdo); Adão, Nascimento e N¿Dinga; Roldão, Paulinho Cascavel e Ademir. Era um Guimarães espectacular».

Um onze que, insiste Miguel, «era uma das equipas mais fortes da época», um conjunto treinado pelo actual técnico do Belenenses, Marinho Peres, com Paulo Autuori como adjunto. «Nesse empate de 2-2 nas Antas, discutíamos a liderança do campeonato com o Porto». Outros jogadores como Nkama, Basaúla ou, mais tarde, Caio Júnior, deixaram também a sua marca nesse Guimarães que Miguel «nunca mais» esquecerá.

Três anos em Alvalade, seis em Barcelos

Mas como a vida continua, as boas memórias de Miguel não se esgotam em Guimarães. «Estive três anos em Alvalade, outros seis no Gil Vicente... Tenho uma carreira de muitos anos na I Divisão, com muitas coisas boas e outras menos boas, claro».

Que motivação encontrará, então, um homem de 39 anos para prosseguir a sua carreira, na III Divisão Nacional? «Um enorme gosto pelo futebol. Esta é a minha profissão, o meu orgulho. No futebol, fiz a minha vida, fiz os meus amigos...» Um amor que o faz evitar pensar no abandono: «Sinceramente, ainda não sei o que vou fazer depois de arrumar as botas. Ainda não tirei o curso de treinador, nem sei se vou seguir por aí. Mas admito continuar ligado ao futebol».

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