A FIGURA: Brahimi

Génio puro. Levou o Dragão à loucura com o golo da reviravolta, num momento sublime, daqueles capazes de fazer figura em qualquer compêndio do melhor que o futebol tem. E Brahimi, por si só, também é do melhor que o futebol tem. Mesmo numa primeira parte muito pouco inspirada coletivamente, foram os seus rasgos individuais que foram dando esperança num futuro melhor aos colegas e, também, aos 40 mil que encheram o Dragão. Quem tem Brahimi arrisca-se a ver o nada tornar-se tudo e foi quase isso que aconteceu no lance do 2-1. Do muito pouco criou um golo de antologia. O Dragão fez-lhe a vénia habitual e o argelino merece-a por inteiro.

O MOMENTO: génio à solta para a reviravolta

Minuto 62. O FC Porto tinha empatado cinco minutos antes e o Dragão acreditava, mais do que nunca, na reviravolta que chegou a parecer complicada. Entre a euforia, Brahimi teve cabeça, calma e arte para inventar, então, o golo da noite. Recebeu de Alex Telles, entrou na área, tirou Jubal da frente e picou sobre Douglas. Um golaço candidato óbvio a golo da jornada. Um momento só ao alcance de um predestinado.

OUTROS DESTAQUES

Danilo

A entrega do costume. Em doses industriais, portanto. Roubar bolas ao adversário já parece pouco tamanha é a sua fome de bola. Por isso, empurra a equipa para a frente, acrescenta unidades ao jogo ofensivo, ganha metros no terreno. Esta noite, só não esteve afinado no remate, onde, num par de bolas que sobraram à entrada da área, poderia ter tido outro discernimento. Não é suficiente para lhe baixar a nota. Muito bom, pois claro.

Ricardo

Não fosse a falha de marcação no golo, onde a posição de Reyes também o traiu, e a nota seria ainda mais alta. Exibição em crescendo, dando nas vistas sobretudo pela forma vertiginosa como apoiou o ataque. Uma seta venenosa pela direita, ajudando a construir a jogada do terceiro golo e assistindo Marega para o quarto.

Óliver Torres

Meia surpresa de Sérgio Conceição para o onze do FC Porto. Sem Herrera e ao contrário da Feira, foi o espanhol a avançar para o onze, em detrimento de André André. Não era titular na Liga desde a 5.ª jornada, ainda no início de setembro. Notou-se, a espaços, algumas dificuldades de ligação aos colegas, mas Conceição só pode ter gostado do que viu: recuperou várias bolas e alguns pormenores de classe arrancaram suspiros da bancada. Arriscou no passe, nem sempre saiu bem, mas, sobretudo na primeira parte, foi dos poucos a dar perfume ao jogo ofensivo dos dragões.

Marega

Primeira parte para esquecer, segunda de glória. Um pouco à imagem da equipa, de resto. Dois golos à ponta de lança, o primeiro de cabeça, o segundo com o pé direito, em dois cruzamentos certeiros do flanco mais próximo. Já vaiem 14, só na Liga. As jornadas passam e a boa fase de Marega continua. Se calhar, veio mesmo para ficar...

Raphinha

Gelou o Dragão com o golo que fazia a diferença ao intervalo. Um momento simples, numa finalização de primeira após centro de Victor García. Viu bem o espaço, aproveitou um certo alheamento de Ricardo e desviou de José Sá. Era ouro sobre azul para a estratégia de Pedro Martins e a verdade é que o golo atarantou o FC Porto. Mas a segunda parte azul e branca não deu hipóteses.

Heldon

O segundo melhor golo da noite foi dele. Jogada individual e remate colocado, para o primeiro poste. José Sá ainda tocou e fica a dúvida se não poderia ter feito um pouco mais, mas, de qualquer forma, não tira brilho ao golo, que até veio trazer mais justiça ao marcador, face ao que foi o jogo, nas duas partes.