Empate a três, que jogo no encerramento da 9ª jornada da Liga. O Portimonense esteve em vantagem, à meia hora vencia por três bolas a zero e ameaçava devastar a Cidade Berço com um vendaval de contragolpes. Três golos num quarto de hora ameaçavam uma noite trágica em Guimarães e uma oportunidade soberana para os algarvios vencerem pela primeira vez fora de portas na Liga.

O V. Guimarães ameaçou ruir, a estrutura da equipa de Pedro Martins foi abalada, mas ainda houve forças para atenuar os estragos. Ao minuto 88 Raphinha fez o segundo da sua conta pessoal e empatou o jogo. Ninguém sai satisfeito, mal menor para o V. Guimarães, oportunidade desperdiçada para os algarvios.

Festejou-se cedo no D. Afonso Henriques. O V. Guimarães queria afastar o momento menos feliz e logo aos sete minutos Rafael Martins introduziu a bola na baliza do Portimonense, mas Hurtado estava na pequena área e a equipa de arbitragem entendeu que o peruano interferiu na jogada.

Quarto de hora de sonho

Primeiro soco no estômago do Vitória, uma espécie de presságio do que se passou a seguir. Em apenas quinze minutos o Portimonense marcou três golos, foi exímio a aproveitar os erros da equipa de Pedro Martins e, imagine-se, à meio hora encaixava três golos em praticamente três remates da equipa algarvia.

Mérito para o conjunto de Vítor Oliveira, que encurtou o espaço ao Vitória, jogou no limite do fora de jogo, entregou a bola ao adversário e esperou pelo erro para se lançar em velocidade para a baliza de Miguel Silva. O Vitória até prometeu, mostrou arrojo nos instantes iniciais, mas caiu na teia do Portimonense.

Três recuperações de bola no miolo, em zona cirúrgica, e as flechas algarvias fizeram o resto. Primeiro foi Nakajima a seguir pela direita até a carreira de tiro, tirou Jubal do caminho e rematou em jeito para fora do alcance de Miguel Silva. Ainda os estragos não estavam contabilizados e já Fabrício ia desenfreado para fazer o segundo. Tudo a correr bem ao Portimonense, estratégia a funcionar na plenitude perante um V. Guimarães assolado pela desconfiança.

Já com dois avançados, depois da entrada de Tallo, Hurtado arriscou no passe, Pedro Sá aproveitou que Jubal não chegou e foi também ele à cara de Miguel Silva, com toda a tranquilidade e como se parecesse fácil, fazer o terceiro. Um quarto de hora de sonho para o conjunto de Portimão.

Reação dá empate

Suspirou o Estádio D. Afonso Henriques. As claques sentaram-se em silêncio, três golos de rajada fizeram mossa. Pedro Martins alterou o sistema com o segundo golo sofrido, passou a jogar com dois pontas de lança. Raphinha deu início a uma reação lenta. Ainda marcou antes do intervalo, no cair do pano, um remate certeiro com classe a ressacar de primeira uma bola mal aliviada pela defensiva da equipa que viajou desde Portimão.

Estados de espírito alteraram-se ligeiramente, a equipa do Vitória já pouco tinha a perder, nas hostes algarvias pairou o estigma dos jogos em que este Portimonense já entrou a ganhar, mas acabou por perder. Desta vez a vantagem de três golos, que passou a ser de dois, dava alento, mas deixava desconfiança.

Foi com tudo para cima do adversário a equipa vimaranense, com muito coração, pouca cabeça e bateu de frente com um Portimonense inquieto. Rafael Martins reduziu e levou a indefinição do resultado até aos derradeiros do fim.

Volta a suspirar o anfiteatro vimaranense. A dois minutos dos noventa Raphinha sela o empate. Passe rasteiro de Heldon, no coração da área o brasileiro remata certeiro com o pé esquerdo.

Empate final num jogo incaracterístico, com nervos à flor da pele e em que a intranquilidade de ambas as equipas acabou por ter reflexos. A quem sabe melhor este ponto?