15h00, Estádio Algarve, tarde de um domingo de Outubro. O cartaz até era apetecível: o Moncarapachense, equipa do Campeonato de Portugal, ia receber um dos principais clubes portugueses – o Vitória Sport Clube, de Guimarães.

Mas o futebol, que Sacchi uma vez escreveu ser a «coisa mais importante entre as menos importantes», estava mesmo longe de ser o essencial.

Nas bancadas de um despido Estádio Algarve, não se via ninguém. Nem um adepto. Mais tarde, haveríamos de descobrir uns quantos, “escondidos”, numa das bancadas superiores.

Desde muito cedo no dia que chovia copiosamente, no Algarve, obrigando o Instituto Português do Mar e da Atmosfera a colocar a região perante um aviso vermelho. Um pouco por todo o Algarve, mas com maior incidência em Faro, havia registo de árvores caídas, inundações…

Os exercícios de aquecimento, feitos a muito custo por ambas as equipas, já haviam demonstrado a dificuldade que os jogadores enfrentariam.

À hora certa, o árbitro deu início do jogo. Havia poças de água, um vento que tornava a trajetória da bola impossível de prever, mas também 22 bravos que se iam batendo em campo.

O Vitória, fruto da maior qualidade do plantel, dominava a seu belo prazer.

Com o vento a favor, os comandados de Álvaro Pacheco rapidamente chegaram à vantagem. Ao minuto 13, Tomás Ribeiro aproveitou um lance confuso – e uma falha do guarda-redes Igor – para abrir o marcador, após um canto batido pela esquerda.

Tomas Handel, aos 19m, ampliou a vantagem. O médio cobrou um livre, Jorge Fernandes ainda “penteou” a bola, mas o golo foi atribuído a Handel.

Sem argumentos, o Moncarapachense sofreria o terceiro, aos 25m, por intermédio de Jota Silva.

Até que chegou o minuto 31 e o que parecia inevitável tornou-se certo. Tiago Martins interrompeu o jogo e mandou toda a gente para os balneários.

A julgar pelo que se tinha passado até então, a ideia geral era que o jogo iria ser adiado.

Mas, durante a meia hora que ditam os regulamentos que se espere nestes casos, a verdade é que a chuva abrandou e permitiu que o jogo fosse mesmo retomado.

O Moncarapachense não poderia ter pedido melhor – logo no reinício, os algarvios tiveram um penálti a favor, por falta de Bruno Gaspar, que Edu Souza não desperdiçou (40m).

Ainda antes do intervalo, nova contrariedade para o Vitória: Tomás Silva foi expulso devido a uma entrada muito durante sobre Edu Souza.

O segundo tempo prometia, mas o Moncarapachense nunca conseguiu verdadeiro partido da vantagem numérica; já o Vitória, limitou-se a gerir a vantagem alcançada.

Ah, e lembra-se do dilúvio dos primeiros 30 minutos? O jogou acabou a ser disputado debaixo de sol e com o céu limpo.

Talvez o futebol continue mesmo a ser a «coisa mais importante entre as menos importantes».