19 nov 2014, 11:27

Destino 80s: «Fui para o Benfica e acabei em Guimarães» (N’Kama)

A década perfeita de uma geração notável de futebolistas zairenses. «Sei qual era o melhor, mas não digo», brinca o antigo atacante do Vitória em entrevista ao Maisfutebol

A década perfeita de uma geração notável de futebolistas zairenses. «Sei qual era o melhor, mas não digo», brinca o antigo atacante do Vitória em entrevista ao Maisfutebol

DESTINO: 80's é uma nova rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 80's.

N´KAMA:
V. Guimarães, 1986 a 1988; E. Amadora, 1988/89; SP. Covilhã, 1989/90; Olivais e Moscavide, 1990/91; Alferrarede de Abrantes, 1991/92; Santa Maria de Barcelos, 1992/93

A diáspora do futebol zairense encontrou em Portugal um porto de abrigo. Pela mão do empresário Valter Ferreira, mais de uma dezena de atletas desse país – em 1997 recupera a antiga designação, República Democrática do Congo – chega ao nosso país nos anos 80.

O nosso protagonista, N´Kama, acompanha Mapuata e Tueba ao Estádio da Luz. Quando abandona Kinshasa, «semanas antes», é com o nome do Benfica que lhe acenam.

N´KAMA: «Até o Vitor Damas apanhei com as minhas bombas»

«Treinei duas semanas na Luz. Só o Tueba ficou», recorda o antigo atacante, que haveria se se notabilizar ao serviço do Vitória. «Fui para o Benfica e acabei em Guimarães».

John Mortimore, treinador do Benfica em 1986, dispensa N´Kama para o Minho e Mapuata para o Belenenses. Tueba permanece de águia ao peito até 1988.

No mesmo período, a liga portuguesa acolhe N´Dinga (V. Guimarães, 1986), Basaúla (V. Guimarães, 1986), Kipulu (V. Guimarães, 1987), N´Kongolo (Sp. Espinho, 1987), Mangonga (Paços Ferreira, 1988) e Makukula (Leixões, 1988). Todos conseguem atingir uma projeção interessante.

N'Kama é o segundo a contar da esquerda na fila de cima (Seleção do Zaire em 1988)

«Ainda há duas semanas fui a um casamento de um amigo na embaixada do Congo e reencontrei alguns deles. Fomos a melhor geração do futebol zairense/congolês», refere N´Kama, agora com 54 anos e radicado na zona de Sacavém.

Para o bombista do Vitória Guimarães, o futebol acaba em 1993, no pequeno Santa Maria, de Barcelos. Um problema cardíaco apressa o adeus total ao desporto-rei.

«Recebo uma reforma e levo uma vida pacata. Treinador? Não, isso é muito puxado, todos dizem mal. Nunca quis».

Entre 1980 e 1989, N’Kama veste a camisola do Zaire. «Joguei o CAN de 1988. Empatámos dois jogos [Marrocos e Costa do Marfim] e perdemos um [Argélia]».

A conversa termina com a única pergunta por responder. De todos os zairenses/congoleses supracitados, quem era, afinal, o melhor?

«Sei, mas não digo (risos)», brinca N´Kama. «Eles vão ler a entrevista e ficam chateados comigo se eu não disser o nome deles. Prefiro dizer que eramos todos uns craques»

.

Números de N´Kama em Portugal:

. 1986/87: V. Guimarães, 30 jogos, 7 golos oficiais
. 1987/88: V. Guimarães, 25 jogos, 3 golos
. 1988/89: Est. Amadora, 2 jogos
. 1989/90: Sp. Covilhã, 23 jogos, 2 golos
. 1990/91: Olivais e Moscavide, 18 jogos, 4 golos
. 1991/92: Alferrarede
. 1992/93: Santa Maria