As mesmas dinâmicas, com menos ritmo e vários reforços, mas sem a artilharia pesada que fez muita diferença na conquista do campeonato passado. O Benfica mostrou-se ao país (tinha jogado à porta fechada com o Cova da Piedade) no Algarve frente a um Vitória que entrou bem, mas que acabou por ter no guarda-redes Bruno Varela a figura do encontro.

Apenas um reforço foi titular. O mais conhecido do público português: Andre Carrillo. O peruano surgiu com o número 15, que era de Ola John, e na esquerda. Tentou envolver-se na dinâmica da equipa e combinar com Grimaldo, um dos mais animados da noite.

Por falar em dinâmicas, a dos encarnados é transportada da época passada. Pizzi surgiu muitas vezes por dentro, Carrillo também teve algumas incursões ao meio e Fejsa continuou no mesmo rendimento: secou tudo à volta. Algumas vezes os laterais vieram dentro para os alas receberem. Nélson Semedo e, sobretudo, Grimaldo tentaram dar profundidade.

Aliás, do pé do espanhol saiu o primeiro lance de perigo (5min), com um cruzamento que chegou ao lado oposto. Pizzi atirou, mas Varela fez a primeira de várias boas defesas da noite.

A resposta sadina veio pelos pés de Nuno Santos, esquerdino emprestado pelas águias aos setubalenses. Um remate forte que Paulo Lopes defendeu para canto com dificuldade. Foi a principal oportunidade do Vitória no primeiro tempo.

Enquanto isso, Luka Jovic parecia um elemento demasiado estranho à equipa, com Gonçalo Guedes a destacar-se por estar mais disponível para jogar entre linhas ou aparecer na ala, quando Pizzi ia ao meio. Foi assim que atirou ao poste (28min), na melhor definição encarnada. A este remate, devem juntar-se mais duas finalizações das águias: Pizzi de fora da área para defesa de Varela (25min) e um livre por cima. (42min)

Havia, porém, uma diferença notória no meio-campo encarnado. João Teixeira não é o mesmo transportador de bola que Renato Sanches, nem queima linhas da mesma maneira que o recém campeão europeu. Nesse sentido, a segunda parte mostrou um candidato diferente à sucessão do agora médio do Bayern Munique.

Perante o 4x3x3 habitual de José Couceiro, o Benfica saía para o descanso com algumas boas indicações, mas também com os sadinos a explorarem algumas falhas na organização da linha defensiva, ainda por acertar: a parte física terá alguma influência também.

No segundo tempo, as duas equipas fizeram muitas alterações, com o Benfica a estrear quase todos os restantes reforços: faltou Zivkovic e dos titulares sobraram Paulo Lopes, Grimaldo e Fejsa. O resto mudou tudo e quase todos deram boas indicações.

O jovem central Kalaica mostrou grande tranquilidade na defesa, Celis entrou a meio do segundo tempo e fez algumas recuperações de bola ao estilo de Fejsa. A entrega da bola aos colegas também foi boa. Cervi mostrou várias vezes que é um futebolista hábil, rápido e com boa leitura de jogo. Benítez parece estar num nível físico acima dos colegas e isso terá feito alguma diferença até perante os adversários e, por fim, André Horta.

O médio ex-Vitória quis agarrar o jogo desde o minuto 46. Enquanto João Teixeira foi mais posicional, Horta queimou linhas muitas vezes a transportar bola, algo que já se sabia que conseguia fazer quando atuou pelos sadinos, e imprimiu rapidez. Na competição com João Teixeira, parece levar a melhor para já, até porque, é bom não esquecer, o Benfica irá passar muito tempo em ataque, na Liga, e precisará mais de alguém com estas características.

Com os reforços em bom plano, a segunda parte do Benfica foi boa. Salvio desperdiçou uma bola colocada na área por Cervi (64min), Rui Fonte rematou para defesa de Varela e Benitez desperdiçou a recarga (65min).

O Benfica estava bem na partida e aos 75, provavelmente a melhor jogado dos encarnados. Celis recupera junto à lateral e serve Horta. Este coloca ao meio para Fonte, que percebe a desmarcação de Cervi. O argentino tentou desviar a bola de Bruno Varela, mas, mais uma vez, estava lá o guarda-redes. Faltava então Benítez, que apareceu aos 77 minutos, a romper pela área e a obrigar o guarda-redes do Vitória a fazer grande defesa com o pé.

O jogo não acabou sem Frederico Venâncio desperdiçar uma das melhores ocasiões do jogo, se não a melhor: após livre, o central sadino cabeceou solto na pequena área, mas a bola saiu ao lado da baliza. Haverá muita coisa para Rui Vitória rever, mas aquele lance de bola parada é, sem dúvida, um deles.

Em suma, a primeira aparição pública do campeão mostrou um Benfica com uma dinâmica bastante razoável e com os reforços aparentemente a absorverem as ideias com facilidade. No entanto, os golos ficaram no banco (Mitroglou) e no Brasil (Jonas). Uma dupla tão letal como o grego (25 golos na temporada) e o brasileiro (36) fazem sempre falta, incluindo na pré-época. Ainda para mais quando a principal alternativa (Jiménez) também só chega nesta sexta-feira.

Tudo junto redundou num empate total, inclusive penáltis.