Um Benfica a encher-se de confiança, a inspirar para ter mais peito e a lançar o Clássico de sexta-feira no Dragão. Uma águia que afastou o desalento da eliminação da Champions com um golo madrugador e uma goleada final e alegre, a maior da Liga, consequência não só dos eventos deste relvado como outros fora dele.

A Luz viveu uma noite de reconciliações. Luisão com o golo, Pizzi com o futebol, as bancadas com a esperança. Jonas, esse, nunca se zanga com nenhuma dessas partes e foi, claro, igual a ele próprio: passou os 100 golos pela águia.

Já o próprio Benfica foi muito diferente entre o primeiro e o segundo tempo. Com adeptos em sintonia, leva uma imagem final para o Dragão, mas é o desempenho inicial que tem de preocupar Rui Vitória.

As incidências mais recentes colocaram na Luz duas equipas a viver uma má semana. O Benfica porque teve de jogar na Liga dos Campeões, o Vitória porque fora eliminado da Taça de Portugal, ficou com um presidente demissionário e teve de treinar no Jamor. Couceiro tinha razão, há problemas maiores do que outros. E a vantagem, quer se queira quer não, estava do lado encarnado.

Outro evento teve efeito aqui: o empate do FC Porto. Era fundamental ao Benfica vencer o Vitória. Numa altura em que o próprio treinador concede que a qualidade de jogo pode subir, admitia-se uma águia «resultadista». Importante era encurtar a diferença para o líder.

Quando Luisão marcou aos sete minutos, o Benfica ainda curava feridas de Moscovo, mas era também expectável que partisse para uma exibição melhor do que aquela que fez no primeiro tempo.

Apesar de saírem a vencer por 2-0, os encarnados passaram demasiado tempo sem criar grande coisa frente ao Vitória. Muita posse de bola, mas quase sempre na fase de construção. Poucas invasões na área sadina também.

Ironicamente, para quem tanto trocou a bola foi quando ela parou que a águia foi letal. Marcou Luisão no campeonato ao fim de dois anos e meio, Jardel obrigou Cristiano a grande defesa, Jonas meteu o 2-0 e logo de seguida meteu a bola na trave.

Ficou à vista como o Benfica causou perigo, enquanto do lado contrário o Vitória tinha chegado duas vezes à área de Bruno Varela: numa Bonilha atirou para a bancada, noutra André Almeida cortou o lance a Paciência.

Em suma, o Benfica do primeiro tempo foi demasiado parecido com aquele que tem recebido críticas, embora tenha tentado pressionar alto o Vitória e Grimaldo e Cervi tenham dado alguma dinâmica do lado esquerdo. Jonas, repita-se, continuou como sempre.

Pizzi também voltou

A expulsão de Nuno Pinto a acabar o primeiro tempo foi o derradeiro evento que influenciou este jogo. Com mais uma unidade em campo, o Benfica voltou rápido pela esquerda, com Grimaldo a combinar de novo com Cervi e a causar lance de perigo. Ora, dois minutos volvidos e a Luz celebrava o 3-0. Pizzi assistiu Salvio e o golo do argentino foi o ponto de mudança: especialmente porque o médio português voltou a ser alegre, pegou na bola, jogou fez jogar ao ponto de ofuscar a partida de Krovinovic.

E quando Pizzi está confiante assim, basta Jonas ser igual a ele próprio para os encarnados serem uma formação diferente do que têm sido, diferente do primeiro tempo. O Benfica fez render a unidade a mais para encher-se de confiança, jogadas de perigo, golos que foram até aos seis (André Almeida e Zivkovic meteram o nome na ficha) e nenhum na baliza de Varela.  

Perante um Vitória debilitado – Couceiro até Vasco Costa perdeu instantes depois de o ter lançado – o Benfica foi sisudo no início e uma experiência de alegria no final. Falta saber se o consegue ser frente a uma equipa com 11 e no Dragão.