Crónica por José Pedro Gomes

Boavista e Vitória de Setúbal não foram além de um empate sem golos, que acaba por se aceitar e castigar a pouca vocação ofensiva de ambos os conjuntos, que, na verdade, mostraram entrega, mas não conseguiram desembaraçar-se de uma série de lutas no meio campo, muitas vezes inconsequentes, que retiraram o ingrediente da emoção na partida.
 
Com as duas equipas a precisarem de somar pontos para garantirem posições mais tranquilas na tabela classificativa, o receio de perder acabou por falar mais alto, retirando alguma capacidade de arriscar, resumindo as oportunidades flagrantes de golo a uma para cada lado.
 
Idris, de cabeça, na primeira parte, esteve perto de inaugurar o marcador, mas atirou ao lado, e Frederico Venâncio, já na fase final da partida, ameaçou levar os três pontos para Setúbal, num remate devolvido pela barra.
 
O empate acaba por saber um pouco melhor ao Boavista, que com o ponto conquistado atingiu a mítica barreira dos 30 pontos tida como suficiente para a tranquilidade, enquanto que os sadinos elevam para três pontos a vantagem para perseguidor Gil Vicente, mantendo superioridade no confronto direto para os barcelenses.
 
Com uma entrada mais forte na partida os axadrezados tentaram, desde cedo, desequilibrar o embate de forças, instalando-se no meio campo contrário para apresentar um futebol mais ofensivo e deixar os primeiros sinais de perigo à baliza Sadina
 
O avançado Uchebo foi o denominador comum na entrada mais atrevida dos nortenhos, primeiro, iniciando uma jogada que, com a ajuda de um adversário, permitiu o primeiro remate a Zé Manel, e, depois, ao esboçar um centro remate que Lukas Raeder, guardião dos visitantes, desviou com defesa atenta.
 
Do outro lado, o conjunto de Setúbal sentiu dificuldades para assentar o seu futebol, e apesar de explorar a velocidade para espreitar um outro contra-ataque, raramente conseguiu dar sequência perigosa para a baliza de Mika.
 
Depois de um primeiro quarto de hora mexido, a partida foi, paulatinamente, caindo numa toada inconsequente, com uma futebol muito «mastigado» no meio campo e demasiado musculado, avesso a oportunidades junto às áreas.
 
Por isso mesmo, não surpreendeu que o primeiro lance de verdadeiro perigo no desafio tenha surgido já depois da meia hora, e de bola parada, quando num canto apontado por Tengarrinha, Idris subiu ao «primeiro andar» para cabecear centímetros ao lado da baliza de Raeder.
 
Esperava-se que o lance pudesse animar ambos os conjuntos, dando mais motivação a Boavista para corporizar em golos o domínio territorial, ou levando o Vitória de Setúbal a despertar em termos ofensivos.
 
Puro engano! A toada pastosa do desafio prevaleceu até ao descanso, e nem um par de remates, disparatados, dos sadinos conseguiram devolver alguma emoção ao arrastar do nulo registado ao intervalo.

Sadinos equilibram após descanso

No regresso para o segundo o tempo, o Vitória de Setúbal conseguiu emprestar um pouco mais de dinâmica ao jogo, equilibrando as movimentações, sobretudo no meio, campo para tolher alguma liberdade ao Boavista.
 
A ação dos sadinos acabou por agudizar a componente do espectáculo, precipitando um maior encaixe das equipas, e reduzindo o espaços para as investidas ofensivas, que se resumiram, nos minutos seguinte ao reatamento, a alguns remates de longe, sem grau de dificuldade para os guarda-redes.
 
O Boavista ainda tentou contrariar a tendência desinteressante da partida nos últimos minutos, aumentando a intensidade da pressão e subindo linhas, mas voltando a não ser contundente na altura do remate.
 
No entanto, ao atrever-se em terrenos um pouco mais avançados os axadrezados expuseram-se mais aos contra-ataques sadinos, que aos 79 minutos tiveram oportunidade de causar surpresa, num remate do central Frederico Venâncio, após canto, que embate com estrondo na barra da baliza de Mika, sendo a última oportunidade para desfazer um nulo que teimou em prevalecer até ao final.