A SAD do Vitória de Setúbal tem uma dívida a rondar os 35 milhões de euros.

A direção liderada por Paulo Rodrigues, presidente eleito a 18 de outubro, confirmou a dívida ao final da noite de segunda-feira, em comunicado, depois de ter recebido um relatório, no dia da eleição, com os valores em dívida do Processo Especial de Revitalização «que mencionava o valor em 20,7 milhões de euros».

«Hoje temos mais informações e a dívida da Vitória FC – SAD anda aproximadamente no valor de 35 milhões».

Denunciando contratos que, defende, têm prejudicado sistematicamente os sadinos, a direção eleita recentemente sublinha o agravamento da situação financeira com o «negócio desastroso» em torno do avançado marroquino Hachadi, contratado no início da época 2019/2020 ao Khouribga, notando – com a descriminação dos valores - que «este pode ser encarado como um dos principais motivos que levaram o Vitória até muito perto do seu fim»:

- 1.845.000€ SL Benfica – rescisão amigável;
- 800.000€ valor da transferência;
- 369.000€ Mundial Sports – empresa de agenciamento;
- 160.000€ salário do jogador na época 2019/20;
- 150.000€ prémio de assinatura para o jogador;
- 10.000€ rescisão amigável;
- Total do investimento: 3.334.000€.

Mas a direção diz que o prejuízo por Hachadi pode ser ainda maior devido a «custos com impostos, nunca pagos pelo Vitória» e que «houve uma recusa de venda do jogador para o clube de origem (Khouribga), no valor de 100.000 euros, tendo acabado por ser transferido por zero euros».

Além de colocar em causa acordos de patrocínio dos antecessores, a atual direção dá conta de uma hipoteca no valor de 1,6 milhões de euros. «A Fundão Young Fashion Lta fez uma hipoteca a favor da Fazenda Nacional para garantia do pagamento em prestações da parte da dívida do Vitória – SAD, no valor de 1.601.000 euros. O Vitória – SAD vai ter de pagar uma indemnização do valor acima mencionado ou valores ainda superiores à empresa em questão», assinalam, lamentando que a Câmara Municipal de Setúbal, presidida por Maria das Dores Meira, ainda não tenha reunido com a direção democraticamente eleita pelos sócios do clube.

«Enviámos uma carta [na segunda-feira] à senhora presidente da Câmara, dando-lhe conta de uma série de ocorrências levadas a cabo no Vitória FC, identificadas pela direção, que lesam o Vitória em mais de 8,5 milhões de euros referentes à VFC-SAD», escrevem, não poupando, de igual modo, as críticas à atuação do atual presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), Nuno Soares, que agendou para sexta-feira uma AG extraordinária para destituir a atual direção.