Só os jogadores poderão saber o quão delicado é despir uma camisola para vestir outra. Ainda por cima quando essa outra é nada mais, nada menos, do que a camisola de um dos maiores rivais. Escolha entre algumas das saídas mais polémicas do futebol português, que deixaram os adeptos com um sentimento de «traição» difícil de perdoar.
Paulo Sousa e Pacheco Protagonistas do célebre «Verão Quente» de 1993 no Benfica (em alusão ao período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril de 1974), quando o Sporting «resgatou» duas estrelas dos adversários da segunda circular. Paulo Sousa cresceu nas camadas jovens do Benfica e depressa assumiu um dos papéis principais da equipa profissional dos encarnados. Pacheco já tinha seis anos com o emblema das águias nessa altura. Ambos rescindiram unilateralmente os contratos que os ligavam ao Benfica, usando verbas em atraso como justificação, e partiram para Alvalade.
As relações entre Sporting e Benfica andaram especialmente azedadas durante essa temporada. Vivia-se uma espécie de «guerra fria», um clima de tensão absoluto entre os dois clubes. O certo é que, apesar do bom começo, Paulo Sousa e Pacheco viram o Benfica tornar-se campeão nacional. Pelo meio, ficou um histórico Sporting-Benfica (3-6), em que Paulo Sousa foi driblado pelo agora adversário João Pinto e em que Pacheco foi uma substituição falhada de Carlos Queirós. Paulo Sousa só esteve um ano no Sporting e saiu para a Juventus; Pacheco esteve dois e depois seguiu para o Belenenses.
Sousa, Jaime Pacheco e Futre Em 1984, o Sporting ofereceu uma proposta irrecusável a Sousa e Jaime Pacheco e ambos rescindiram os contratos com o F.C. Porto alegando também salários em atraso. O presidente leonino, João Rocha, e Pinto da Costa não tinham a melhor relação do mundo e o «troco» veio pouco depois, pelo nome de Paulo Futre. No Verão de 1984, Futre era ainda uma jovem promessa do Sporting quando pediu um aumento de ordenado que a direcção não aceitou. O F.C. Porto acabou por oferecer ao jogador a quantia desejada e Paulo Futre rumou a Norte, onde viria a confirmar o seu talento com, inclusive, a conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1987.
Sousa e Jaime Pacheco tiveram um percurso semelhante. Estiveram dois anos no Sporting e regressaram, em 1986, ao F.C. Porto, a tempo de se tornarem campeões europeus. Ao todo, vestiram a camisola dos dragões durante sete anos. Já Futre, depois de representar os portistas por três temporadas, saiu para Espanha, mais concretamente para o Atlético de Madrid.
Dito e Rui Águas Carreiras muito diferentes entre si, que se tocaram no Verão de 1988, quando ambos trocaram o Benfica pelo F.C. Porto. Dito estava há dois anos com as águias, com um percurso bastante discreto. Rui Águas era um «filho da casa», com um apelido pesado nos ombros. No cerne destas transferências esteve uma outra contratação que o Benfica travou ao F.C. Porto. Pinto da Costa «conquistou» Dito e Rui Águas e apanhou de surpresa os adeptos encarnados, principalmente por causa deste último.
Dito encontrou uma grande competição na equipa azul e branca e nunca se conseguiu afirmar verdadeiramente. Esteve apenas uma temporada no F.C. Porto e seguiu para o V. Setúbal. Rui Águas traduziu o seu talento em golos, mas acabou por regressar a casa em 1990. Ao todo, esteve sete anos no Benfica e apenas dois nas Antas. Hoje cumpre novas funções com o emblema das águias.
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