Futebol é emoção, garra, dedicação. Às vezes, com golpes mais ou menos duros no fair-play? Aqui ficam três dos mais famosos «combates» do futebol português que, acima de qualquer acto de rebeldia, simbolizam a paixão levada ao extremo.
Paulinho Santos/João Vieira Pinto De um lado, um médio defensivo aguerrido, destemido e apreciado sobretudo pela sua devoção ao F.C. Porto, que se traduziu em 11 anos com a camisola azul e branca (que continua a vestir, embora noutras funções). Do outro, um avançado genial, audaz e idolatrado pelos adeptos encarnados nos oito anos em que representou o Benfica.
Foram várias as picardias entre ambos, mas houve uma que ficou na memória. Jogava-se um Porto-Benfica da temporada 1997/1998 quando, depois de uma bola disputada a meio-campo, Paulinho Santos atinge João Pinto na face com o cotovelo. Um maxilar partido e três meses de suspensão para o jogador do F.C. Porto foram o resultado.
Pancadas no nariz, dentes partidos e até pontapés foram outras das consequências deste velho «duelo». No entanto, na selecção ambos tiveram a inteligência de esconder todos os sinais de conflito. Uma rivalidade que, apesar de ter ultrapassado vários limites, acabou com um exemplo de desportivismo: na despedida de Paulinho Santos num F.C. Porto-Sporting em 2003, o abraço a João Vieira Pinto foi um selar de tréguas, um ponto final nesta competição à parte do futebol português.
Sá Pinto/Artur Jorge O mais unilateral destes «combates». É também o mais atípico, pois falamos de um jogador e de um treinador e não das habituais picardias entre dois atletas mais ariscos. Recordemos então Ricardo Sá Pinto, o jogador do Sporting que durante nove anos personalizou o rugido do leão. Com qualidades técnicas à vista de qualquer um, Sá Pinto ficou irremediavelmente marcado por um episódio com o seleccionador nacional da altura, Artur Jorge.
Estávamos a 26 de Março de 1997 quando o jogador se encaminhou para o local de treino da selecção, no Jamor, e agrediu Artur Jorge a soco. Um ano suspenso de todas as competições foi o castigo aplicado pela FIFA. O jogador voltou depois aos grandes palcos (em Espanha, na Real Sociedad, e na selecção, com Humberto Coelho). Anos mais tarde jogador e técnico deram o assunto por encerrado, mas a rebeldia de Sá Pinto foi eterna: a sua carreira em Portugal terminou com dois jogos de suspensão depois de um cartão vermelho frente à Naval.
Mozer/Fernando Couto Dois dos melhores defesas-centrais que já passaram pelo futebol português, também eles separados pela velha rivalidade Benfica-F.C. Porto. Anos de clássicos entre as duas equipas, apimentados pela raça de ambos os jogadores. Mozer representou as águias durante seis anos e formou, com Ricardo, uma saudosa dupla que os adeptos encarnados dificilmente esquecerão. Fernando Couto teve no peito o emblema dos dragões durante cinco temporadas e, ao lado de jogadores como Aloísio e Jorge Costa, construiu os alicerces de uma defesa quase intransponível. Foram várias as discussões mais acesas entre estes dois atletas, mas talvez o episódio mais caricato tenha sido no ano de 1994.
Benfica-F.C. Porto no Estádio da Luz. Mozer pica Fernando Couto durante toda a partida e o central portista acaba por responder com uma cotovelada e é expulso. Bobby Robson, técnico dos azuis e brancos na altura, assegura na conferência de imprensa após o jogo que o resultado foi «Mozer-2, Fernando Couto-0».
Hoje, Mozer é treinador e o internacional português ainda joga pelo Parma. Mesmo assim, a rivalidade será difícil de esquecer. O próprio brasileiro afirmou há pouco tempo que Fernando Couto foi o jogador que mais o irritou: «Ele também era um jogador duro. Os nossos duelos passaram a ser um outro foco de interesse dos derbies com o F.C. Porto».
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