Se a vitória do Wolfsburgo sobre o Sporting não pode ser considerada surpresa, face ao poderio da equipa alemã, atual segunda classificada na Bundesliga, já a forma como foi construída poderá ter driblado grande parte dos prognósticos. Esta é uma das conclusões a retirar da análise ao jogo desta quinta-feira, feita pelo Centro de Estudos do Futebol da Universidade Lusófona, em exclusivo para o Maisfutebol.

Resultados completos da primeira mão

O panorama, à partida para o jogo, faria prever uma pressão intensa na área de Rui Patrício desde os primeiros minutos, e uma insistência no jogo pelas alas, com envolvimento dos laterais e muitos cruzamentos à procura dos centímetros de Bas Dost. Mas, apesar de o ponta de lança holandês ter sido a figura do encontro, não foi essa a tendência do jogo. Prova-o o acentuado equilíbrio entre as duas equipas no que diz respeito às zonas em que perderam a posse de bola: olhando para o quadro abaixo, é difícil identificar quem jogou em casa e quem jogou fora, tal a preocupação em evitar perdas de bola nas zonas mais próximas da sua baliza.


Limitar os riscos na zona defensiva, lema comum aos dois

E será este um dos pontos chave: em relação ao que é habitual, talvez pela ausência dos dois médio-centro habituais (Luiz Gustavo e Guilavogui, rendidos por Hunt e Träsch) e de Perisic, o Wolfsburgo foi uma equipa mais compacta, disposta a correr menos riscos do que na Bundesliga. Daí que, ao contrário do que aconteceu diante do Leverkusen, quando conseguiu ganhar mesmo sofrendo quatro golos, raramente a sua estrutura tenha sido apanhada fora de posição.


Carrillo teve a melhor oportunidade na primeira parte

Uma das raras exceções foi o contra-ataque, na primeira parte, em que Nani lançou Carrillo e este rematou ao lado. A outra, já na segunda parte, quando Cédric conseguiu tirar um bom cruzamento que João Mário, sem marcação, cabeceou ao lado. Tirando isso – e um penálti não assinalado por mão de Vieirinha na primeira parte – quando o Sporting conseguiu períodos de posse de bola continuada, raramente se mostrou capaz de inquietar Benaglio, apesar dos sinais de insegurança deixados por este nas bolas pelo ar.

A outra face desta moeda prende-se com uma preponderância ofensiva do Wolfsburgo menos evidente do que poderia esperar-se. Isso é ilustrado pelo equilíbrio quase absoluto na posse de bola (50/50) e no número de passes efetuados (444/434) pelas duas equipas. Se os alemães fizeram o dobro dos remates (16/8) isso deve-se mais à influência de Dost nas movimentações e na forma como segurou e tabelou com a linha de apoio dos companheiros – enquanto o Sporting sentiu, em alguns momentos da fase de construção, uma referência mais física como Slimani nas proximidades da área.


O melhor Sporting: cinco remates na primeira parte

Decisivo para o desfecho foi, também, o timing do primeiro golo do Wolfsburgo, nascido de um duplo erro leonino: primeiro na perda de Montero a meio-campo, numa fase em que a equipa saía da posição, depois na lentidão de Jefferson, a comprometer a linha de fora de jogo do restante setor defensivo e a deixar Dost em posição de marcar. Depois de uma primeira parte encorajadora (7/5 em remates e ocasiões de golo repartidas), o Sporting reentrou da pior forma e nunca mais atingiu os níveis de equilíbrio tático e emocional desse primeiro tempo.


O primeiro golo deixou o Wolfsburgo à vontade no jogo

Como prova maior, o acentuar da diferença entre situações de finalização (9/3 para os alemães) e o protagonismo assumido por Patrício nesse período, impedindo que o fosso no marcador se tornasse ainda mais amplo. Referência, por fim, para a boa resposta dada pelos leões na organização defensiva em bolas paradas, um dos grandes receios para a partida: apesar da diferença de estaturas, nenhum dos cinco cantos do Wolfsburgo levou perigo à baliza de Patrício. Infelizmente para os leões, o mesmo pode ser dito dos oito cantos que conquistaram na Volkswagen Arena.


Ineficácia nas bolas paradas comum às duas equipas