Nome: Arthur Antunes Coimbra (Zico)
Data de nascimento: 3 de Março de 1953, Rio de Janeiro
Posição: Médio
Nacionalidade: Brasil
Internacionalizações: 89
Período de atividade: 1967-1994
Clubes: Flamengo; Udinese e Kashima Antlers

Principais títulos: Pelo Flamengo: Taça Intercontinental (1981); Taça dos Libertadores da América (1981); Campeonato Brasileiro (1980, 1982, 1983, 1987); Campeonato Carioca (1972, 1974, 1978, 1979); Taça Guanabara (1972, 1973, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1988, 1989);

Ao escolher o nome de Arthur, D. Matilde, mãe de Zico, quis homenagear um português radicado no Brasil, Artur Ferreira da Costa e Silva, que tinha levado até ao «país-irmão» a pintura em cerâmica. O pequeno passou, então, a ser conhecido pelo diminutivo Arthurzico... para o mundo, simplesmente Zico.

Desde pequeno que Zico mostrava invulgares capacidades de drible nas ruas do bairro Quintino. Oriundo de uma família de adeptos do Flamengo, Zico sempre foi incentivado a seguir as atividades desportivas e o futebol em particular. Aos 11 anos, já era a estrela do clube do seu bairro, tendo mesmo de alterar os dados do seu bilhete de identidade, de forma a aumentar a idade, para alinhar no campeonato do Aterro do Flamengo. Na prova destacou-se pelos inúmeros golos marcados, apesar de a equipa ter sido eliminada da competição.

Zico nasceu para o mundo do futebol pelas mãos do repórter de rádio Celso Garcia, tinha então 13 anos. O jornalista, ao assistir a um encontro do clube do bairro da Piedade, ficou muito impressionado com as capacidades do pequeno jogador e acabou por levá-lo para testes de ingresso no Flamengo.

Apesar das reticências demonstradas pelo técnico Modesto Bria, já que Zico era pequeno e franzino, o jornalista conseguiu convencer o treinador a colocar o jovem nos treinos da equipa. Corria o ano de 1967. Aos 14 anos, Zico estreava-se com a camisola dos infantis do Flamengo.

No ano seguinte, já no escalão juvenil, Zico era alvo de várias críticas devido à sua estatura frágil. O técnico Juvert decidiu, então, entregar o jogador aos cuidados do departamento médico do clube, onde foi submetido a um tratamento de hormonas e vitaminas, por forma a acelerar o crescimento.

Algum tempo e muito esforço depois, Zico estreou-se com a camisola dez da equipa principal do Flamengo, num encontro contra os eternos rivais do Botafogo. Na conversão de uma grande penalidade, Zico marcou o primeiro golo na equipa principal e calou o Estádio do Maracanã.

A estreia pela seleção brasileira surgiu em 1976, em jogos de apuramento para o Mundial de 1978. Mas as contrariedades não abandonaram o jogador, que sofreu algumas lesões que limitaram as suas exibições pela equipa canarinha.

No Flamengo tudo parecia mais fácil. Somaram-se títulos estaduais e nacionais, que terminaram com a conquista da Taça dos Libertadores da América e do Mundial de Clubes, em 1981, este último frente aos ingleses do Liverpool que foram derrotados por 0-3.

Recordado como um dos melhores jogadores da história do Flamengo, Zico tardava em afirmar-se na seleção brasileira. Surgiu então o Mundial de 1982, realizado em Espanha. Uma primeira vitória suada frente à URSS, embalou o escrete canarinho para um conjunto de exibições de uma qualidade arrepiante. Escócia, a Nova Zelândia e a difícil Argentina de Maradona foram ficando pelo caminho, sempre com recitais de futebol alegre e fantasista, com Zico no centro das atenções como chefe de orquestra.

Quando o favoritismo para a consagração suprema era já absoluto, a inesperada derrota viria com o jogo frente a Itália, em Barcelona. Decorria a segunda fase de grupos e a equipa brasileira não resitiu à exibição fenomenal de Paolo Rossi, terminando a caminhada na prova com uma inglória derrota por 2-3. Foi um dos jogos mais marcantes da história do futebol mundial, com uma grande geração de jogadores (Júnior, Falcão, Sócrates, Cerezo, Leandro e, acima de todos, Zico) a despedir-se do título mundial numa tarde de sol que os brasileiros passaram a designar por tragédia de Sarriá.

Em 1983, Zico deixou o Flamengo perante uma proposta financeiramente irrecusável dos italianos da Udinese. Aos 30 anos, o salto para o futebol europeu surgia demasiado tarde. Mas ainda assim, num clube sem grandes tradições na Europa, o brasileiro foi o segundo melhor marcador do Calcio nessa época, com 19 golos, ultrapassado apenas por Michel Platini - seu concorrente ao título oficioso de melhor número 10 do momento.

Na época seguinte surgiu um momento difícil na vida do jogador, que se viu envolvido num escândalo de fuga ao Fisco em Itália, na sequência dos negócios que levaram à sua contratação. Apesar da boa fé, que o levou a entregar deliberdamente o passaporte às autoridades italianas, Zico foi condenado a uma multa e oito anos de prisão, que nunca foram cumpridos já que Zico recorreu da decisão, foi absolvido e regressou ao Brasil, de novo para o Flamengo.

De volta à família e aos amigos, quando tudo corria na perfeição, surgiu mais uma deceção. Num encontro com o Bangu, Zico sofreu uma entrada a pés juntos que originou a mais grave lesão da sua carreira, no joelho esquerdo, e que deixou marcas até hoje.

Apesar de tudo, ainda participou no Mundial de 1986, na seleção novamente comandada por Têle Santana. Em dificuldades físicas, Zico foi suplente na maior parte dos encontros, alinhando apenas na segunda parte de três jogos. Nos quartos-de-final, contra a França de Platini, a história voltou a virar as costas ao brasileiro, que através de um dos raros penalties falhados da sua carreira forçou o escrete a decidir - e perder - tudo no fatídico desempate.

Seguiram-se dias difíceis, com uma nova cirurgia, uma recuperação complicada e a morte do seu pai, que deixou marcas profundas em Zico. Apesar da lesão no joelho, ainda rumou ao Japão, onde alinhou no Kashima Antlers entre 1990 e 1994, tornando-se um dos maiores ídolos futebolísticos daquele país. Depois de anunciar, por diversas vezes, o final de carreira, Zico entrou em campo, pela última vez, num jogo de despedida entre o clube japonês e o Flamengo.

Admirado por colegas e adversários, Zico mantém uma postura de fair-play no mundo do futebol, tendo na formação de jovens atletas a principal aposta. Para os adeptos, ficará para sempre a sensação de que o seu talento nunca teve a recompensa merecida no que se refere a troféus conquistados.