Não é um clássico, longe disso. O Manchester City-Barcelona desta terça-feira é uma estreia, o primeiro duelo oficial entre as duas equipas, mas é o jogo dos oitavos de final da Liga dos Campeões que todos vão querer ver. Tão forte que domina a semana do regresso da grande competição europeia, que tem um cartaz de luxo: também há um Arsenal-Bayern Munique, por exemplo. Depois da fase de grupos que desenhou tendências e deixou pelo caminho os portugueses FC Porto e Benfica, a Champions está de volta. E é agora que começa, muito a sério, a corrida ao Estádio da Luz, o palco da final.

Começando pelo grande duelo. O City, que impressionou o mundo com um vendaval de futebol e de golos na primeira metade da época, frente ao gigante Barcelona, a referência dos últimos anos do futebol mundial. O City perante o seu grande teste, um exame à sua verdadeira dimensão europeia, o Barcelona a tentar manter-se à altura da pesada herança do passado recente. Duas equipas com uma série de pontos em comum e mais profundos do que parece à primeira vista. Grande parte da estrutura e planeamento do clube inglês está nas mãos de dois antigos homens do Barcelona: Txiki Begiristain, diretor para o futebol, e Ferran Soriano, agora diretor executivo dos Citizens.

O Manchester City não é só um novo-rico, também é novato nestas andanças da Liga dos Campeões. Até à chegada dos milhões do sheik Mansour, em 2008, os azuis de Manchester tinham na sua história apenas uma presença na principal competição europeia de clubes, em 1968, e uma vitória na Taça das Taças, em 1970. A primeira vez que o City jogou a Liga dos Campeões foi em 2011. Ficou pela fase de grupos, tal como na temporada seguinte. Esta época, na terceira participação seguida na prova, tudo parece ser diferente.

Passou a fase de grupos com cinco vitórias em seis jogos, acabando a vencer o campeão europeu Bayern, em Munique: 3-2, se tivesse aliás marcado mais um golo seria primeiro no grupo. Um episódio caricato, lembra-se? No City ninguém tinha feito bem as contas, aparentemente.

Mas Manuel Pellegrini, o treinador chileno do City, tem mais experiência de Liga dos Campeões que o clube. Chegou a uma meia-final com o Villarreal, em 2006, e na época passada levou o Málaga aos quartos de final. Pelo meio fez pior, curiosamente, com o Real Madrid: foi eliminado pelo Lyon nos oitavos de final, em março de 2010.

O chileno terá pela frente outro treinador sul-americano, o argentino Tata Martino, que chegou esta temporada à Europa, para render no banco Tito Vilanova. Com Martino, o Barcelona passou tranquilo pela fase de grupos da Liga dos Campeões e está na frente da Liga espanhola, em igualdade com At. Madrid e Real Madrid. Mas este é um Barcelona menos dominador do que o dos últimos anos, como notaram esta segunda-feira José Mourinho e também  Arsène Wenger. Sim, este é também um teste de fogo para o Barcelona, a equipa que se despediu da Champions na época passada humilhada pelo Bayern Munique. 



O mesmo vale para o City. José Mourinho, por exemplo, também deu este duelo como medida da real dimensão do seu rival na Premiership. O português questionava a ideia, defendida por alguns e neste caso pelo treinador do Tottenham, de que a equipa de Pellegrini é nesta altura a melhor da Europa: «Talvez para o treinador do Tottenham o planeta seja Inglaterra. Vamos ver na Liga dos Campeões.»

Vamos ver, então. Em campo, já agora, o Barcelona estará na força máxima, depois de ter recuperado Neymar, que foi opção na goleada do fim de semana a Rayo. 6-0 e dois de Messi, a aquecer para Manchester. No City, não há Kun Aguero, mas o regresso de Fernandinho é uma excelente notícia para Pellegrini, que já tinha recuperado Nasri no sábado, na vitória sobre o Chelsea para a Taça de Inglaterra.

Mas há muito mais para ver nesta eliminatória de oitavos de final que a UEFA voltou a espalhar por quatro dias, ao longo de duas semanas. Ainda na terça há um Bayer Leverkusen-PSG. Favoritos os franceses, claro, que passaram tranquilos pela fase de grupos (no mesmo grupo do Benfica), estão na frente do seu campeonato. Outro dos novos-ricos do futebol europeu à procura da confirmação europeia, o PSG chega aqui com essa pressão. Ao Leverkusen, que é segundo na Bundesliga mas a anos-luz do Bayern, resta a esperança de conseguir um bom resultado agora, em casa, e depois resistir em Paris.

E depois vem quarta-feira. Com um Arsenal-Bayern Munique. O super favorito campeão europeu vai a Londres, onde na época passada teve a sua primeira grande manifestação de força rumo ao título, quando venceu por 3-1, precisamente para os oitavos de final. 



Com Pep Guardiola, o Bayern afinou a máquina vencedora que já foi na época passada, quando estava Jupp Heynckes no banco. Só perdeu quatro pontos em 21 jogos na Bundesliga, e depois da Supertaça com o Dortmund, em julho, só perdeu mais uma vez, o tal último jogo com o City a fechar a fase de grupos da Champions.

Nem as ausências de Ribery e Shaqiri chegam para abalar muito a perceção de supremacia dos alemães. O Arsenal, que apareceu mais forte esta época, tem pela frente a mais difícil tarefa. Precisa de tentar contrariar o Bayern e inverter a sua história europeia recente: nos últimos três anos foi eliminado nos oitavos de final.

A fechar o programa da semana, temos o Milan-At. Madrid. O português Pedro Proença será o árbitro de mais uma bela eliminatória em perspetiva, que servirá também de medida da ambição de outra das grandes equipas do futebol europeu desta época, o Atlético de Diego Simeone. Depois de uma derrota na Liga e de vacilar frente ao Real Madrid na Taça do Rei, a equipa «colchonera» voltou às vitórias no fim de semana. Do outro lado, um Milan muito longe do seu estatuto, perdido no meio da tabela na Serie A mas a tentar capitalizar o efeito da chegada do histórico Clarence Seedorf ao banco. E por falar nele, se o confronto entre Milan e Atlético é uma estreia, para os dois treinadores será um confronto. Seedorf e Simeone travaram vários duelos enquanto jogadores, tanto em Espanha como em Itália. 

Para a semana há mais, entram em campo mais candidatos a protagonistas. Real Madrid, Chelsea, Manchester United, Borussia Dortmund. Mas deixemos isso para depois, o que nos espera esta semana já é tanto.

Estatísticas da Liga dos Campeões

Jogos da primeira mão dos oitavos de final:

Terça-feira, 18 fevereiro
Bayer Leverkusen-PSG, 19h45
Manchester City-Barcelona, 19h45

Quarta-feira, 19 fevereiro
Milan-At. Madrid, 19h45
Arsenal-Bayern Munique, 19h45

Terça-feira, 25 fevereiro
Zenit-Borussia Dortmund, 17h00
Olympiakos-Manchester United, 19h45

Quarta-feira, 26 fevereiro
Galatasaray-Chelsea, 19h45
Schalke-Real Madrid, 19h45