A vitória do FC Porto sobre o Chelsea assentou numa evidência: a exibição de alto nível da equipa de Lopetegui – uma das mais completas desde que o técnico espanhol chegou ao Dragão.

E se há vitórias que escolhem atalhos e baralham as evidências dos números, esta não é uma dessas: as estatísticas sublinham uma ideia de superioridade portista em variados aspetos do jogo E, melhor ainda, desenham essa superioridade em crescendo, com uma segunda parte ainda mais afirmativa do que a primeira. São estas as principais conclusões a retirar da análise realizada pelo Centro de Estudos de Futebol da Universidade Lusófona em exclusivo para o Maisfutebol, juntamente com os dados oficiais da UEFA.

A primeira chave para o triunfo dos dragões tem a ver com o local onde o FC Porto perdeu a posse de bola ao longo do jogo: com paciência na construção, quase 30 por cento dos lances resultaram em situações de finalização – ou seja, nas proximidades da área do Chelsea, com a estrutura defensiva portista bem organizada, diminuindo assim o risco de saída perigosa dos ingleses. Um fator a que não será estranha a opção de Lopetegui por um reforço a meio campo, com André André mais solto, no apoio ao trio Danilo-Imbula-Rúben Neves. Além do golo que marcou, André André foi também determinante pela capacidade de fazer as chamadas «faltas táticas» em zonas oportunas: foi o jogador mais faltoso em campo, com 4 faltas cometidas..

Foi esta segurança que tirou relevância à maior percentagem de posse de bola do Chelsea (58-42), uma vez que as zonas onde essa posse se materializou estavam, quase sempre, bem cobertas pelos azuis e brancos. Ou seja: mais do que ter a bola, o FC Porto preocupou-se em tê-la onde mais interessava, na zona defensiva dos «blues», e em perdê-la em zonas que não criassem apuros a Casillas.



É altura de lembrar que este foi um jogo com poucas paragens e apreciável percentagem de tempo útil. Esse foi um ingrediente chave para o bom espectáculo no Dragão, materializado num número de remates invulgarmente alto: 33 ao todo, dos quais 21 para o FC Porto (11 na primeira parte, 10 na segunda) e 12 para o Chelsea (5+7).

Os dragões acertaram seis vezes na baliza – quatro defesas de Begovic a que se junta uma bola ao poste, por Danilo, num canto. Os ingleses obrigaram Casillas a três defesas, e também tiveram uma bola no ferro, por Diego Costa. Nota relevante, em especial no quadro relativo à segunda parte: o número altíssimo de finalizações conseguidas dentro da área atestam a paciência e boa capacidade de construção deste FC Porto mais paciente e menos explosivo nas transições – como se percebe pela opção de Martins Indi para a lateral esquerda, em vez de Layún. O holandês foi o jogador portista com maior acerto nos passes (82%), capítulo em que também se destacou Rúben Neves, que assentou uma grande exibição na excelente eficácia de passe (79%, o melhor dos dois meios campos).

Outro aspeto a merecer destaque, e que se relaciona com o bom posicionamento defensivo e com a paciência na construção dos ataques foi o facto de o FC Porto não ter tido nenhum fora de jogo assinalado ao seu ataque, tendo conseguido arrancar quatro aos Chelsea.



Uma última nota para um aspeto sublinhado por Mourinho na conferência de imprensa: a eficácia portista nos lances de bola parada – ou, visto pelo prisma oposto, as dificuldades que o Chelsea sentiu para anular as jogadas estratégicas trabalhadas pelo dragão.

Além do golo de Maicon, aproveitando passividade defensiva de Ramires, a cabeçada de Danilo ao poste, no aproveitamento do mesmo espaço, reforça a ideia de que este não foi um aspeto isolado do jogo, já que vários dos oito cantos portistas levaram perigo à baliza de Begovic. Já no que se refere a livres, o Chelsea levou vantagem, com duas situações perigosas, uma deles a resultar no golo de Willian.