Foi quase no fim da gala. Pinto da Costa foi chamado ao palco, percebeu-se que era o presidente que ia entregar o Dragão de Ouro a André Villas-Boas. Quando o treinador do Chelsea foi chamado ao palco, a plateia levantou-se num salto: Vítor Pereira foi aliás o primeiro a fazê-lo.

Villas-Boas subiu ao palco, trocou um abraço caloroso com Pinto da Costa e recebeu nas mãos o Dragão de Ouro que, foi o próprio a admitir, tanto desejou. «São muitos sentimentos, é sempre um regresso a casa e uma honra receber este prémio frente a tantos heróis da minha juventude.»

Depois uma confissão: «Pela primeira vez na vida, estou nervoso», disse, com as mãos a tremer, as mesmas mãos que seguraram duas folhas que concentravam todo o discurso de amor, paixão e reconciliação. « Porto, palavra exacta, nunca elude», afirmou o treinador num discurso emocionado.

Ao lado Pinto da Costa ouvia tudo com atenção. «Os verdadeiros paraísos são os que perdemos: as bilheteiras das Antas, o som dos torniquetes, a arquibancada. Todos de pé, confetis azuis e brancos, a entrada do F.C. Porto. Primeiras e eternas memórias de paixão e amor ao clube.»

O discurso lembrou que «na catedral triunfámos» e piscava o olho ao portismo. Citou Pedro Homem de Melo e piscou o olho ao orgulho nortenho. «De azul e branco essa bandeira avança, de azul e branca, indomável e imortal, como não pôr no Porto uma esperança, se daqui se fez o nome de Portugal?»

Villas-Boas tinha sido o último a chegar ao Coliseu. Entrou cheio de pressa e sem falar com os jornalistas. À porta deixou os adeptos que cumprimentou e por quem distribuiu autógrafos. Pinto da Costa deu-lhe mão. «Estou feliz pela unanimidade na entrega deste prémio a quem não podia deixar de ser.»

«Hoje quero-te dizer que esta será sempre a tua cadeira do sonho. Sei que que o disseste com convicção e amor. Esta será sempre a tua cadeira de sonho, independentemente das outras onde te sentares. E se escreveres as tuas memórias nos próximos trinta anos, eu faço-te o prefácio.»

E a sala aplaudiu.