Um dia depois de completar 36 anos, e salvo imprevisto de última hora, Luisão irá cumprir nesta terça-feira, diante do Borussia Dortmund, o 500º jogo oficial com a camisola do Benfica. Um registo ao alcance de poucos, muito poucos: apenas mais três nomes na história dos encarnados – Nené (575), Veloso (538) e Coluna (525) – superaram essa barreira. E alargando a pesquisa ao universo do futebol português, apenas outros dois jogadores fizeram mais de 500 partidas oficiais por um clube do escalão principal – João Pinto (587) e Vítor Baía (566), pelo FC Porto. O que equivale a dizer que Anderson Luís da Silva será, a partir desta terça-feira, o primeiro estrangeiro a entrar no clube-500 por um emblema português: antes dele, o máximo de jogos pertencia a Aloísio, com 474 pelo FC Porto.

Os recordes na Europa

É pouco provável que Luisão venha a atingir a marca de Nené – precisaria de mais duas épocas em pleno para lá chegar – mas isso não invalida que o central brasileiro seja, já, detentor de alguns recordes relevantes. Como, por exemplo, o de jogador com mais partidas europeias pelos encarnados: o jogo com o Dortmund será o 122º de Luisão nas provas da UEFA, ele que em fevereiro de 2014, diante do PAOK Salónica, se tornou o primeiro jogador do Benfica a superar a centena de jogos europeus.

O registo deixa-o bem à frente dos 77 jogos de Veloso, dos 76 de Cardozo e dos 75 de Nené e Eusébio, mas Luisão é também o jogador encarnado com mais vitórias na UEFA (58, contra as 40 de Veloso e Cardozo) e com mais jogos internacionais como capitão (78). Os 11 golos que marcou, tanto na Champions como na Liga Europa conferem-lhe, a larga distância, o estatuto de defesa mais goleador dos encarnados em partidas europeias. E, desde novembro de 2015 é também o mais velho jogador a faturar na Europa pelos encarnados: marcou na vitória por 2-1 sobre o Galatasaray, com 34 anos e 10 meses, superando um máximo que pertencia ao espanhol Chano desde 1999 (34 anos e 7 meses).

Os golos e não só

Na sexta-feira, no jogo com o Arouca em que já tinha superado o total de jogos de outro central e capitão mítico do clube, Humberto Coelho (498), Luisão esteve perto de elevar o seu total de golos para 46, registo que o deixa como o segundo defesa mais goleador da história do clube, precisamente atrás de Humberto, que assinou uns impressionantes 76 golos de encarnado.

O central brasileiro, que marcou pelo menos um golo em todas as 14 temporadas de águia ao peito, apontou o primeiro dos 45 logo na estreia, a 14 de setembro de 2003, num empate (3-3) com o Belenenses, em jogo realizado no estádio Nacional devido às obras da nova Luz (pode ver esse golo aqui).

O mais recente foi conseguido no passado mês de Outubro, na Amoreira, e valeu a vitória diante do 1º de Dezembro, para a Taça de Portugal. O máximo de golos de Luisão numa só época é de seis: conseguiu-os em 2009/10, no ano do primeiro título de campeão com Jorge Jesus (o segundo dos seus cinco pelo Benfica), repetindo a proeza na época seguinte e em 2013/14, no regresso aos títulos.

Todos os parceiros do capitão

Num trajeto com oito treinadores – Camacho, Chalana, Trapattoni, Koeman, Fernando Santos, Quique Flores, Jorge Jesus e Rui Vitória – Luisão formou dupla de centrais (e, ocasionalmente, trio nas poucas ocasiões em que o Benfica jogou com três defesas no eixo) 17 jogadores, alguns deles adaptados, como nos casos de Katsouranis e Javi Garcia. Os parceiros mais frequentes foram Garay (105 jogos), David Luiz (91), Jardel (75) e Ricardo Rocha (67), com este último a alinhar também em vários jogos como lateral, tal como pontualmente também sucedeu com David Luiz. Eis os restantes nomes: Argel, Hélder, Alcides, Anderson, Zoro, Edcarlos, Katsouranis, Sidnei, Javi Garcia, Miguel Vítor, Roderick, Lisandro e Lindelof.

Cinco momentos altos

Para além dos 500 jogos, os 17 troféus conquistados por Luisão na Luz (cinco campeonatos, duas Taças, sete Taças da Liga e três Supertaças) são a marca maior da sua passagem pela Luz. O seu trajeto pode, entretanto, ser enquadrado por vários momentos marcantes – alguns negativos, como os problemas perante Liedson nos dérbis, ou a disparatada suspensão de que foi alvo em 2012, após empurrar um árbitro alemão num jogo particular – e outros, muito mais numerosos, de sinal positivo. De entre estes escolhemos cinco que nos parecem incontornáveis:

14 de maio de 2005 (Benfica-Sporting)

Na sua segunda época de encarnado, no dérbi da Luz que decide o título de campeão, Luisão salta mais do que Ricardo e marca, de cabeça, o golo que, na prática, põe fim a 11 anos de jejum encarnado.

21 de fevereiro de 2006 (Benfica-Liverpool)

Depois de afastar o Manchester United na fase de grupos, o Benfica confirma o regresso das grandes noites europeias à Luz com uma vitória sobre o Liverpool, campeão europeu em título, saída mais uma vez da cabeça de Luisão, a poucos minutos do fim. Foi o primeiro golo do central em provas da UEFA. O apuramento seria selado em Anfield, com nova vitória épica.

27 de março de 2010 (Benfica-Sp. Braga)

Tal como em 2005, voltou a ser um golo de Luisão a desbravar o caminho do título para um Benfica revolucionado por Jorge Jesus. No tira-teimas da Luz, perante a oposição de um sensacional Sp. Braga, em vez da cabeça, foi o pé esquerdo do central brasileiro a encontrar a chave para o 32º campeonato do Benfica.

13 de março de 2014 (Tottenham-Benfica)

Não um, mais dois golos, em palco privilegiado: o primeiro bis, em grande estilo, surgiu em Londres, na vitória categórica sobre o Tottenham (3-1) que confirmou o estatuto europeu do Benfica e do seu capitão.

1 de maio de 2014 (Benfica-Juventus)

Para desenjoar de golos – afinal, estamos a falar de um defesa… - convém lembrar um dos jogos mais sofridos e épicos no percurso encarnado de Luisão: o empate sem golo com a Juventus, que valeu a passagem à segunda final consecutiva da Liga Europa. O capitão foi gigantesco em Turim, a exemplo da forma como salvou um golo certo sobre a linha, com uma cabeçada miraculosa.

Os 499 jogos de Luisão no Benfica

309 na Liga (25 golos)

63 na Liga dos Campeões* (6)

58 na Liga Europa* (5)

40 na Taça de Portugal (7) 

5 na Supertaça (0)

24 na Taça da Liga (2)