«Ai coração!». Sofrer a bom sofrer. O Benfica empatou no reduto do Toulouse, a zeros, e carimbou a qualificação para os «oitavos» da Liga Europa, beneficiando do triunfo por 2-1 na Luz, há uma semana. Cinco anos depois – e após duas eliminações, em 2020 e 2021, nos 1/16 avos – as águias voltam a integrar o lote das melhores 16 equipas da prova.

Num encontro antecedido por um minuto de homenagem a Artur Jorge, o Toulouse foi dono e senhor do próprio destino, galvanizado pelo ambiente frenético imposto pelos mais de 30 mil adeptos. Todavia, os anfitriões foram ineficazes, para alívio do campeão nacional. Além disso, Trubin e os postes foram chave para turma de Schmidt continuar na prova. Rebobinemos.

Açambarcando a posse de bola, o «Téfécé» ameaçava, por Sierro, Suazo e Dallinga. Nos momentos de aperto, Trubin e Bah vestiram o fato de bombeiro para acalmar as hostes encarnadas. A lateral defendida por Morato foi corredor preferencial para os franceses visarem a área contrária, face à fragilidade do brasileiro nos duelos e na marcação individual.

Já sem os defesas (lesionados) Diarra e Desler – que marcou na Luz – rendidos por Kamazi e Keben, o Benfica acordou, por fim. À boleia da velocidade e técnica de Neres, as águias dispuseram das melhores oportunidades até ao intervalo.

Num primeiro aviso, aos 25m, Rafa rematou por cima, no coração da grande área, após trabalho do extremo brasileiro, pela esquerda. Dez minutos volvidos, e após cruzamento de Bah, desta feita pela direita, Di María apenas foi capaz de desviar ligeiramente o esférico, que passou a míseros centímetros do poste.

Por fim, em cima do intervalo, aos 45+2m, e na sequência da pressão do Benfica – que, finalmente, havia assumido a batuta do encontro – António Silva subiu e surgiu, completamente sozinho, na cara do golo. Porém, neste duelo de jovens, o guardião Restes, de 18 anos – formado no Toulouse – montou uma mancha imaculada. Por isso, ao intervalo prevalecia nulo.

Apesar da entrada sonolenta, estava claro que efémeros momentos de eficácia e de pressão poderiam ser suficientes para o campeão nacional inaugurar o marcador e, assim, «agarrar» a eliminatória. Até porque, sublinhe-se, o Benfica limitou-se a jogar a partir dos 25m, não se livrando de alguns sustos nessa fase.

Ao intervalo, e previsivelmente, Schmidt deixou Morato e Tengstedt no banco, lançando Carreras e Arthur Cabral. O defesa brasileiro, uma vez mais adaptado a lateral, foi o alvo preferencial dos franceses. Por sua vez, o avançado dinamarquês esteve, por completo, desaparecido em campo, prejudicando os esforços de Neres, Rafa e Di María.

Sustos, desespero e salvação

As alterações pouco ou nenhum efeito surtiram e o Benfica voltou a entregar o destino ao Toulouse. Então, Gboho delineava contra-ataques, variando de flanco, mas Sierro, Spierings e Nicolaisen desperdiçavam oportunidades primordiais, para desespero de Carles Martínez.

Se o técnico espanhol foi de joelhos ao relvado antes da hora de jogo, então aos 65 e 67m terá ido à loucura. Numa primeira instância, Dallinga, completamente sozinho, cabeceou ao poste. Logo a seguir, Trubin travou, por instinto, o remate de Spierings e Nicolaisen cabeceou ao lado.

O que pensarão os adeptos do Benfica, que há uma semana contestaram a exibição das águias, apesar do triunfo sobre o Toulouse? Defesa errática e trémula resultou num meio-campo e ataque fantasma.

Esta descrição fica evidente quando, aos 78m, Di María e Aursnes – que rendeu o desaparecido Neres – integravam a defesa das águias. O Benfica estava em vantagem na eliminatória, é certo, mas um golo bastaria para os franceses empatarem a eliminatória.

Nos derradeiros minutos, o Benfica estacionou a linha defensiva à entrada da própria área, contrariando, ao fim de 80m, o ímpeto ofensivo dos anfitriões. Em todo o caso, o fim do encontro foi pleno de sofrimento.

Reveja, aqui, o filme deste jogo.

Assim, o Benfica junta-se a AC Milan nos «oitavos», na certeza de que terá pela frente um destes adversários: Liverpool, Bayer Leverkusen, Brighton, West Ham, Rangers, Atalanta, Villarreal ou Slavia de Praga. O sorteio está agendado para a manhã desta sexta-feira e as águias não poderão jogar diante dos qualificados neste play-off.

Os «oitavos» da Liga Europa serão disputados entre 7 e 14 de março. Ou seja, depois de visitar o FC Porto, o Benfica disputará a primeira eliminatória. Segue-se a receção ao Estoril, para a Liga, antes do jogo decisivo, que dará «bilhete» para os quartos de final da prova europeia.

De lembrar que a última vez que as águias atingiram tal fase da Liga Europa foi em 2019. Então orientados por Bruno Lage, o Benfica foi eliminado pelo Eintracht Frankfurt (4-2 e 0-2).

Por agora, a turma de Roger Schmidt centra atenções na receção ao Portimonense, a contar para a 23.ª jornada da Liga, antes da visita ao Sporting, na primeira mão das «meias» da Taça de Portugal.