Terminadas as festas da conquista do campeonato e da Taça da Liga, Rui Vitória abre o livro em duas entrevistas ao jornal A Bola e à Renascença.

Fala sobre o futuro no Benfica, sobre os jogadores que saem, mas também sobre o ano que passou com os momentos maus do clube e as trocas de palavras com Jorge Jesus.

Sobre a época que agora termina

Qual é a sensação de ser campeão? «É uma grande satisfação, um prazer sem explicação, é a noção de dever cumprido e de estar bem com a vida».

[Disse que ia dar a vida pelo Benfica] «Dei a vida e tudo aquilo que tinha pelo Benfica, mas não dei com qualquer sacrifício. Dei com o maior prazer porque é a minha vida. Quando digo que dei a vida quero dizer que tudo passa para primeiro plano, o Benfica passa para primeiro plano».

[Sobre os momentos maus] «Quando estávamos a oito pontos foi um ai Jesus que isto agora já acabou. Afinal tudo virou e muita gente teve que se lembrar do que disse. Não sei se estão arrependidos, não me importa, mas que sirva de exemplo».

Situação com Jorge Jesus

«Não gostei do tom com que as coisas foram ditas, mas estava preparado para este tipo de situações. Não me revejo, não gosto, mas não foi algo que me tivesse perturbado».

«[Os ataques de Jorge Jesus] se calhar até nos ajudaram, mas houve muitas conversas com o presidente que também ajudaram, as lesões de determinados jogadores também nos uniram ainda mais... Já disse e repito, é importante que não se faça deste título a vitória somente da coesão e da união. São aspetos fundamentais no caráter e na identidade de uma equipa, mas a nossa conquista não foi só disso. Quem vir os nossos dois jogos com o Bayern e os descascar do ponto de vista técnico-tático, vê pouquíssimas equipas a fazerem o que nós fizemos em termos europeus».

Sobre o futuro

«Esta é a minha casa. Se calhar alguns treinadores pensariam de outra forma, e com legitimidade, não estou a criticar. Pensariam em ir embora e sair por cima porque vai ser muito difícil o Benfica repetir uma época com 88 pontos, 88 golos, 29 vitórias... Enquanto me sentir bem, e neste momento sinto-me bem, não tenho razões para mudar. Se amanhã surgir algo logo se verá e falarei com o presidente. O Benfica é a minha realidade, é o melhor clube que posso representar e ainda há muito para fazer e muito para ganhar no clube», frisou Rui Vitória.

Conquistado o tricampeonato, o objetivo é o tetra? «Claro que gostaríamos de conquistar o tetra, mas ainda estamos numa fase muito precoce. Vamos preparar as coisas com calma», vincou.

[A aposta na formação] «Quando entrei neste clube, fui o primeiro a dizer que não se ganha só com formação. Vamos continuar a fazer o mesmo: ter à disposição um lote de jogadores que, pela qualidade, podem jogar na equipa principal e ser valorizados. Em determinados momentos da época vão ter a sua oportunidade».

Sobre os jogadores que saem e outros que podem sair

«As equipas portuguesas têm muita dificuldade em manter muitos jogadores. Se conseguisse manter estes jogadores mais tempo, a probabilidade de fazermos uma equipa ainda melhor era uma realidade. Mas já estou preparado para aquilo que aí pode vir. Vamos ver o que acontece com calma».

«A pior coisa que podemos fazer é querer arranjar cópias. Se houvesse mais Renatos, o Bayern se calhar não o vinha buscar ao Benfica, ia à Colômbia, ou a outro lado qualquer. Arranjaremos soluções, jogadores que tenham as características de que precisamos, mas é cedo para abordar essas questões».

[Sobre Renato Sanches] «O Renato é fruto do trabalho de muita gente, mas também estou a ver mais pais da criança do que devia haver», afirmou, dizendo que o jogador beneficiou de ter jogado com outros companheiros. «O Fejsa é um jogador com caraterísticas que ajudaram muito o Renato no seu futebol e nada melhor para um jogador que transporta a bola, haver outros jogadores que querem a bola. O Fejsa é um jogador atrás que dá um proteção excelente e ajudou muito o Renato a melhorar o enquanto jogador».

[Sobre a transferência] «Renato Sanches não foi para o Bayern apenas pelo que vale, mas pelo que vai valer. A escola do Benfica é muito reconhecida internacionalmente».