Adrián Ramos marcou ao Sporting no último jogo dos leões frente ao Borussia Dortmund, dando a vitória à equipa alemã pela margem mínima. Entrou no onze para o lugar de Aubameyang, um dos avançados em maior destaque no futebol Europeu na atualidade, e também por isso foi merecedor de maior atenção em Portugal. 

Colombiano, agora com 30 anos, chegou ao futebol europeu em 2009/2010 para vestir as cores do Hertha de Berlim. Fez o percurso natural de um futebolista que se destaca na América do Sul, brilha por lá e vem para a Europa, mas não entrou por Portugal, como tantos outros compatriotas fizeram, sobretudo, Falcao, Jackson Martínez ou James Rodríguez.

Maisfutebol quis conhecê-lo melhor, saber o que pensa do adversário Sporting e que opiniões tem, por exemplo, sobre o companheiro de equipa Raphael Guerreiro e o adversário Renato Sanches. Pelo meio ficou a saber que é mais uma das histórias inspiradores que chegam do outro lado do Atlântico.

«Adriancho», como ainda hoje é conhecido na Colômbia, apaixonou-se pelo futebol por culpa do pai Gustavo, que era jardineiro mas jogou no Pasto e nas seleções regionais. De pequeno já tinha muita técnica, mas foi recusado nos primeiros testes. Tudo por causa do peso e do investimento que isso implicaria para o clube. 
 
«Na minha família sempre fomos magros, quando comecei a jogar todos eram grandes e fortes e eu era pequeno e magro. Esperaram uns anos para ver se mudava, mas não mudei nada», disse.
 
Ainda assim, ninguém lhe conseguiu retirar o sonho, mas também não se sentiu pressionado e um dia voltou a ser chamado: «Nunca me preocupei com isso, comia o normal. Sempre acreditei que poderia jogar e graças a Deus que consegui.»
 
Adrián Ramos queria seguir os passos do pai, mas, e sobretudo quando já não o tinha, queria poder dar uma vida melhor à família: «Sempre tive o objetivo de vir para a Europa e ajudar a minha família. Acho que isso foi sempre uma motivação extra para chegar onde cheguei. Mais do que desfrutar do futebol, queria poder ajudar a minha mãe e a minha família.»
 
Hoje com 1,85 metros e 79 quilogramas, leva oito épocas na Europa, olha para trás e orgulha-se da carreira que construiu. Conseguiu concretizar o desejo de ajudar a família, faz o que gosta e é reconhecido. Lutou por isso.
 
Formado no América Cali decidiu rumar ao Trujillanos da Venezuela, em 2004, com 18 anos porque o treinador do América não contava com ele e depois disso ainda jogou no Santa Fé, também por empréstimo, até que o América o voltou a chamar. Na primeira época não marcou, mas em 2008 fez 53 jogos e apontou 23 golos. 
 
Por isso, na época seguinte a Europa chamou por ele. Despertou o interesse do Hertha e é na Alemanha que tem jogado e está feliz, mas claro: gostava de jogar mais. Atualmente joga no Borussia Dortmund é suplente de Aubameyang, mas não se rende e até o elogia o titular.
 
«É um prazer ser companheiro de equipa dele. Sei que só um é que pode jogar e que ele está num grande momento. Respeito isso e fico feliz. Mas, claro, luto para ter o meu espaço e acho que quando temos um companheiro destes, evoluímos», disse.
 
Adrián Ramos abraçado a Aubameyang

Ainda assim, sendo suplente, leva já melhor média de golos do que nas épocas anteriores. Marcou três golos em sete jogos, contra os 10 em 39 encontros na época passada e os seis em 29 na anterior.

«Qualquer avançado gosta de marcar golos e é o que quero fazer. Estou há algum tempo sem ser opção de forma contínua, mas espero que isso possa mudar. Queremos sempre superar-nos. Trabalho para isso, para estar melhor a cada dia. O meu objetivo é fazer as coisas bem individualmente e claro ajudar a equipa», mas não só: Adrián Ramos também quer regressar à seleção.
 
«Nunca tive a continuidade que outros tiveram, mas continuo tranquilo. Acredito que haverá uma altura em que possa regressar, estou preparado para isso. Mas sei também que pode não acontecer e se for o caso respeitarei. Nem sempre as coisas nos saem como queremos. Sonho em regressar, mas se não conseguir… aceito.»
 
Adrián Ramos sabe que é complicado, até porque a seleção colombiana tem muitas alternativas de qualidade para essa posição e conta agora com o regresso de Radamel Falcao. Outra situação que não o faz baixar os abraços e desanima. Faz parte do seu percurso e da personalidade que tem.
 
Não só a «luta», como o «fair-play» também. Na conversa com o Maisfutebol, sempre bem disposto,  não mudou o tom ao falar sobre as adversidades e sobre os «rivais», dizendo até com sinceridade que, apesar de desejar muito voltar a vestir a camisola da Colômbia, o regresso do El Tigre o deixa feliz.
 
«Alegra-nos a todos que o Falcao tenha voltado. Todos temos muito respeito por ele e pelo que fez pela seleção. Respeito-o muito como jogador e pessoa. Espero que tudo lhe continue a correr bem.»
 
Com Falcao e mais dois companheiros de seleção

Aos 30 anos, os mesmos de Falcao, Adrián Ramos não se sente a dar «as últimas» e ainda quer jogar «pelo menos mais dois anos», mas é certo já sabe qual a última camisola que quer vestir: a do América Cali. 

«Isso está claro, gostava de terminar no clube que me formou e do qual sou adepto», disse, acrescentando que espera que esta época o clube colombiano possa regressar à I Divisão, da qual saiu em 2012: «Essa é a esperança. Nós adeptos sonhamos com isso.»
 
«Podemos sair do nosso país, mas nunca perdemos a ligação e não esquecemos o nosso clube. Sempre que posso ver os jogos, vejo e até visto a camisola», admitiu, mostrando-se um fervoroso adepto, dizendo também por isso perceber que adeptos do Sporting possam não ter gostado muito do golo que marcou aos leões. Afinal, é jogador, mas sabe o que é ser adepto e o que é sofrer com o futebol. Dentro e fora de campo.