A Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF) já enviou para a FIFA a comunicação de que irá apresentar recurso da decisão de eliminação da seleção cabo-verdiana do Mundial 2014, no Brasil, na sequência da decisão tomada pela FIFA devido à utilização irregular de um futebolista, disse ao Maisfutebol João Diogo Manteigas, especialista em direito desportivo português, que trabalha com a FCF.

Conheça a decisão da FIFA

O recurso está a ser elaborado, «com tempo», «mas será apresentado antes dos sete dias de prazo», explicou o advogado. Até lá, e com o sorteio do play-off a ter lugar na próxima segunda-feira, a Federação caboverdiana enviou com a comunicação à FIFA «um pedido para que o comité de recurso tome medidas provisórias» que possam acautelar a situação já que, com a eliminação de Cabo Verde, a Tunísia ocupará o lugar dos «Tubarões Azuis» no sorteio. «A FCF foi notificada pela FIFA na passada terça-feira de que tinha sido aberto um inquérito disciplinar pela utilização irregular de um jogador no jogo do passado sábado e deram-nos um prazo de um dia para nos pronunciarmos. A decisão chegou na quinta-feira. Por isso pedimos à FIFA que tenha em conta estes prazos e a data do sorteio, até porque depois não há um prazo para que saia essa decisão do comité de recursos», adiantou.

A fundamentação do recurso terá como base a nulidade do jogo na Guiné Equatorial, encontro em que o jogador Fernando Varela foi sancionado com quatro jogos de castigo. O jogo foi considerado nulo pelo Comité Disciplinar da FIFA por ter utilizado um jogador de nacionalidade brasileira indevidamente naturalizado guineense. O que a federação cabo-verdiana defende é que, como o jogo foi anulado, o castigo também foi.

O presidente da FCF, Mário Figueiredo, revelou: «Temos o relatório da FIFA com a lista dos jogadores e Fernando Varela não aparece castigado». E embora reconheça que a FCF foi sido avisada «logo em Junho da pena de quatro jogos ao jogador Fernando Varela», diz que o organismo máximo que rege o futebol cabo-verdiano baseou-se então na «interpretação das leis», junto do departamento jurídico, para utilizar o futebolista nos jogos seguintes.

«Temos a certeza de que estamos a fazer a leitura correta dos regulamentos», afiançou João Diogo Manteigas, mostrando-se confiante numa decisão positiva para os «Tubarões Azuis». «Se fosse um caso perdido eu era o primeiro a dizer que não valia a pena. Estamos a trabalhar porque acreditamos no que estamos a fazer e o povo cabo-verdiano merece que façamos tudo o que pudermos», adiantou. Contudo, não há nenhum caso anterior semelhante em que o jurista possa basear esta convicção. «Este é um caso inédito, tenho quase a certeza. Pelo menos eu não conheço mais nenhum semelhante», explicou.