CAMINHOS DE PORTUGAL é uma rubrica do jornal Maisfutebol que visita passado e presente de determinado clube dos escalões não profissionais. Tantas vezes na sombra, este futebol em estado puro merecerá cada vez mais a nossa atenção. Percorra connosco estes CAMINHOS DE PORTUGAL.

FUTEBOL CLUBE FAMALICÃO (CAMPEONATO NACIONAL SENIORES)

«Em casa temos sempre três/quatro mil pessoas. Num jogo importante, o número duplica. Fora levamos 800/1000 adeptos, mas na Póvoa estiveram 1500».

As palavras de Rui Borges dão corpo ao conto de fadas vivido em Famalicão. O diretor desportivo foi durante 16 anos futebolista profissional e garante ao Maisfutebol nunca ter vivido coisa igual.

«Joguei no Boavista e no Belenenses, uma década na I Divisão, mas isto é diferente. Historicamente, o clube sempre arrastou multidões. Este ano, os resultados no CNS e na Taça de Portugal, com a presença nos quartos de final contra o Sporting, ajudaram a construir esta relação».

Esta é uma boa forma de começar a contar a história recente do Futebol Clube Famalicão. Uma história feita de pessoas, acima de tudo isso.

FC Famalicão na I Divisão:

. 1946/47 : 13º lugar
. 1978/79 : 13º lugar
. 1990/91 : 14º lugar
. 1991/92 : 14º lugar
. 1992/93 : 14º lugar
. 1993/94 : 17º lugar

O fenómeno não é exclusivo dos minhotos, pois o Varzim SC pode reclamar um estatuto de igual grandeza, mas a este nível os exemplos ficam por aí.

O Famalicão «está preparadíssimo» para os escalões profissionais, assegura o treinador Daniel Ramos.

«O clube só pensa na subida. Só dependemos de nós. Quando me foi apresentado o projeto o clube vivia um momento totalmente diferente. Assinei por dois anos e quatro meses. Primeiro com o objetivo de assegurar a manutenção. Depois lançar as bases para o crescimento que agora se verifica»
, explica o técnico.

«Foram dois anos de remodelação e melhoria imensa no clube. Foi conseguido com muito trabalho criar uma estrutura forte. Sentimos que esta época podemos ombrear com os mais fortes e estamos apostados em fazer subir o Famalicão».

FC FAMALICÃO: besta negra do FC Porto mora no 22 de junho
 

A invasão famalicense à Póvoa de Varzim

Rui Borges conta, de resto, que no passado mês de novembro a Liga fez uma vistoria às condições do Municipal 22 de junho. «Quisemos saber o que era necessário melhorar para ter o estádio pronto para os escalões profissionais. Todo o nosso projeto é pensado e antecipado».

Foi essa forma de trabalhar, aliás, a surpreender até a direção do Sporting.

«Sim, antes do jogo contra eles, na Taça de Portugal, pedimos uma reunião preparatória. Ficaram perplexos, pois só o FC Porto e o Benfica costumam pedir estes encontros. Deram-nos os parabéns pela forma como estamos a trabalhar», confidencia Rui Borges.

A disputar a Fase Final do CNS, o Famalicão só pretende parar quando garantir a promoção à II Liga.

«O Famalicão é um clube claramente talhado para voos mais altos. Tem uma direção excecional, que cumpre e sabe o que quer. Condições humanas e infraestruturas. Há um apoio muito forte da autarquia e da indústria local. É um apoio que pode ainda alastrar-se aos campeonatos profissionais. Temos todas as condições para lá chegar»
, explica Daniel Ramos.
 

Imagem do jogo entre Varzim e Famalicão

O terceiro concelho mais exportador do país quer projetar a imagem da região nas ligas profissionais. A organização e os resultados estão a fazer o resto. Repetir a década de 90 – quatro anos seguidos na I Divisão – parece perfeitamente possível.

«A equipa encontra-se bem. Forte mentalmente e do ponto de vista físico. Está com muita confiança dentro e fora de casa. Este empate com o Varzim, que era um de dois resultados que pretendíamos, ficou até aquém do que produzimos. Podíamos ter vencido o jogo»
, sublinha Daniel Ramos.

«Não é possível controlar a euforia. As pessoas de Famalicão são muito entusiastas. A equipa joga sempre para vencer e isso galvaniza qualquer adepto. Este crescimento deve-se a dois fatores de extrema importância: comportamento da equipa e comportamento da massa associativa»
.