O MELHOR: André André
Mereceu mais do que ninguém o golo marcado, absolutamente decisivo. Nessa altura, tão perto do fim, ainda corria como um louco. Mas um louco bom, de coração nobre. Que grande exibição! O cruzamento, na direita, para o cabeceamento de Aboubakar ao poste é perfeito; o passe a isolar o mesmo Aboubakar, pouco depois, cirúrgico. Antes disso, porém, já justificara a entrada nesta lista com uma mão cheia de ações. Incansável na forma como pressiona, inesgotável na dimensão do terreno que cobre, certeiro a receber e tocar. Poucos futebolistas têm a intensidade competitiva deste internacional português. Terceiro jogo consecutivo a crescer e a conquistar um lugar na equipa.

MENÇÃO HONROSA: Rúben Neves
A lucidez incorporada em jogador de futebol. 18 anos e tanta classe, tanta certeza no passe e na circulação. No meio de tantas fogueiras de vaidade e cabeças perdidas, Rúben manteve o sangue frio, jogou e fez jogar a equipa. Deliciosa a forma como matou um balão com o peito e, sem olhar, entregou na esquerda com um passe longo. É essa perceção do jogo, e sobre o jogo, que torna este menino de 18 anos (!) tão especial. Meteu o pé, ganhou no ar, fez um jogo completo.

O PIOR: Maicon
Descontrolado. A passar, a saltar, a comunicar. Dois passes horríveis na fase inicial, uma ação escusada sobre Jonas antes do apito para o intervalo, uma entrada dura novamente ao avançado brasileiro a valer-lhe o cartão. Tudo isto no seguimento de um jogo exemplar em Kiev. Estranho.

A CRÓNICA DO JOGO: coração portista

OUTROS DESTAQUES:

Maxi Pereira: 
provocador e provocado, inflamado, um barril de pólvora pronto a explodir. Tanto coração, tanta alma e tanta qualidade. Esqueçamos os excessos perfeitamente dispensáveis e concentremo-nos no futebol de Maxi: defende com solidez granítica (certo, Nico?), ataca com a perseverança dos imortais. Cruza, tabela, corre com quatro pulmões. Simpatize-se ou não com a personagem, é impossível não elogiar um atleta com este espírito. Podia (e devia, aparentemente), ter sido expulso aos 51 minutos, após entrada imprudente sobre Jonas.

Iker Casillas: duas defesas importantes, em dois pontapés de canto mal defendidos pelos colegas, logo nos primeiros 20 minutos. Sinalizou nesses lances a serenidade que o FC Porto teria na baliza. Apenas um reparo: repôs uma vez mal a bola, com Jonas a desaproveitar a bondade e o lance a perder-se. Nota positiva no primeiro Clássico em Portugal.  

Aboubakar: duas preciosas ocasiões para marcar; um cabeceamento ao poste direito e um drible demasiado largo sobre Júlio César, a tornar impossível o ângulo e o golo. Teria sido o capítulo mais recente no multi-premiado romance do camaronês com as balizas contrárias. Uma força da natureza, um poço sem fundo de talento.

Ivan Marcano: exibição impecável, principalmente quando comparada com a de Maicon. Não cometeu um erro. Sólido, imperial, consistente e convincente. É o pilar da arquitetura defensiva de Lopetegui.