José Couceiro falou nesta terça-feira como treinador do Sporting, cargo para o qual não foi contratado e que nunca teve intenções de assumir. O ex-director-geral começou por aqui mesmo, por um esclarecimento, depois de em Dezembro passado ter assegurado que não tinha intenção de tirar o lugar a Paulo Sérgio.

«Fui confrontado com uma situação num quadro de dois meses. E ou havia mais uma demissão, a minha, ou ajudava o clube numa situação delicada. Não houve nenhuma intenção da minha parte para que isto acontecesse. Não posso negar o que disse em Dezembro, mas estamos num quadro diferente. Também não me agrada dizer uma coisa antes e agora passar-se outra», explicou José Couceiro, nesta terça-feira, na Academia, na primeira conferência como técnico leonino após a saída de Paulo Sérgio.

Mas o ex-director-geral assumiu ao mesmo tempo que ninguém lhe «apontou uma pistola à cabeça». «Não vejo que houvesse muitos caminhos. É uma decisão minha que assumo, não passo responsabilidades a ninguém», acrescentou, reiterando que não tinha como recusar o pedido da SAD: «Ou me demitia, e penso que já houve demissões a mais, ou era sensível aos argumentos do Conselho de Administração, de que seria a melhor solução.»

O que acontecerá no final da época «não preocupa nada» José Couceiro, até porque o agora treinador não pretende entrar em conflito com a nova Direcção, que será conhecida no final deste mês. «Tenho contrato até 2013, porque era até ao final do mandato de José Eduardo Bettencourt, há eleições a 26, espero que seja uma votação histórica e que o Sporting consiga um dia importante no volte-face. Para mim, o futebol é um sistema presidencialista, pelo que não faz sentido tomar decisões que pertençam a um presidente. Devo esperar pela nova Direcção do Sporting.»

O treinador também não receia os prejuízos que possam advir desta mudança de funções. «Sei que é uma decisão de risco, mas é uma decisão que visa criar alguma estabilidade para que possamos na época que vem ter uma consistência diferente», justificou, reforçando o «problema grave, grande e que tem de ser resolvido» no Sporting.

José Couceiro garantiu, ainda, não se sentir «sozinho» e lembrou que não é a primeira vez que acumula funções. «Fi-lo no Alverca e em Inglaterra é perfeitamente comum isto acontecer. Temos jogadores com qualidade, precisamos de reequilibrar, temos algum desequilíbrio em relação ao FC Porto e ao Benfica, mas não é apenas uma questão financeira e isso ultrapassa os próprios jogadores.»