Johan Cruyff fez uma análise às prestações do Real Madrid e do Barcelona, na sua habitual coluna no jornal «El Periódico», considerando que «nenhum dos grandes foi contente para casa». O treinador holandês considera que o ponto de referência dos dois candidatos ao título espanhol será «o Barça na sua melhor versão», mas lembra que essa é uma fasquia «demasiado exigente» para os dois rivais no início de Setembro.

O Real Madrid até venceu o Osasuna de Camacho no Bernabéu, com um golo solitário de Ricardo Carvalho, mas não convenceu ninguém, com uma exibição tristonha, muito longe das expectativas criadas em redor da equipa de Mourinho. «Os seus problemas são lógicos, normais e aceitáveis», destaca Cruyff, considerando que Mourinho precisa «mais um ano».

«Há ali muita gente nova entre o treinador e jogadores. E não a primeira vez, mas a enésima vez nos últimos anos. A começar não do zero, mas quase, é impossível jogar bem e ainda menos como o melhor Barça. O Mourinho está em plena fase de organização. E assim será nos próximos três ou quatro jogos, ou mesmo nos próximos três meses. Portanto, não vale a pena repetir, insistir, depois de cada jogo que não estão a jogar bem, porque todas as semanas vai ser assim. Até acertar com a tecla, ou com as teclas, para que o jogo de equipa se resuma ao que quer consolidar: organização e resultado», acrescentou.

Cruyff insiste no carácter resultadista de Mourinho, uma condição que pode entrar em choque com a exigência do público do Bernabéu, que além do resultado, quer espectáculo. «O Madrid contratou um técnico resultadista, mas não é por isso que é menos qualificado. O resultado sempre em primeiro», referiu ainda.

Quanto ao Barcelona, Cruyff começa por recordar uma frase de Rexach, seu antigo companheiro e ajunto no Barça, que lhe disse um dia que «os catalães cansam-se até de ganhar», para depois recordar a difícil pré-temporada de Guardiola para explicar o desaire do último fim-de-semana diante do Hércules em pleno Nou Camp (0-2). «Este Verão ocorreram demasiadas coisas no plano extra-desportivo (mudanças na direcção, na equipa técnica, um Mundial, muitas viagens e poucos treinos) que, mais cedo ou mais tarde, vão ter reflexos no terreno de jogo. Se o que aconteceu no sábado não passou de um incidente, perfeito. Mas há muitos números que dizem que vai custar mais a arrancar dos que estavam convencidos que a equipa tinha começado a todo o vapor», referiu.

Apesar dos muitos reforços do Real Madrid, Cruyff recorda que o Barça também jogou com um elemento novo em todos os sectores (Adriano, Mascherano e Villa) e ainda com um lateral adaptado a central. «Com isto tudo, teve mais alterações do que o próprio Madrid que também jogou com um jogador novo em cada sector (Carvalho, Khedira e Ozil). Todos, incluindo Villa, vão ter de se adaptar a tudo e a todos. Se já é difícil executar bem o estilo do Barça para os que já conhecem de cor o livro de estilo, mais difícil é com um elemento novo em cada sector», destacou.