Jorge Jesus disse primeiro aquilo que muitos pensavam.

Depois da derrota em Alvalade frente ao Real Madrid e de mais um jogo em que o Sporting mostrou atitude, irreverência e bom futebol, o treinador apontou para uma grande Liga Europa.

Foi um pouco à-Jesus, sem cuidados com o politicamente correto ou cautelas em demasia. Faltava não perder em Varsóvia, claro.

Acredito que sentisse essa força na equipa, e de certa forma tínhamos de concordar. Era impensável, apesar dos avisos dados pelo Legia frente a madrilenos e ao Dortmund, que os leões não garantissem o apuramento para a segunda competição da UEFA e, chegados aí, não tivessem expetativas de chegar longe.

Não o conseguir seria um fracasso. É, obviamente, um fracasso.

Os leões foram incapazes de jogar com dois resultados (vitória e empate), e ainda de marcar à pior defesa da competição (24 golos consentidos em cinco, agora seis partidas).

Esse discurso pós-Real diverge do proferido pré-Legia. É diferente nos «90% de foco», quando deveria ser total, isto se a competição era de facto um objetivo como Jesus chegou a afirmar. Desta vez, o técnico não disse o que todos queriam ouvir. Ou esperavam.

Há ainda decisões táticas estranhas que não foram abordadas, como por exemplo o posicionamento de Bruno César. Faria sentido perceber o que quis realmente fazer.

Pela segunda época consecutiva, o Sporting de Jesus falha na Europa, tal como tinha falhado em várias ocasiões o Benfica do mesmo treinador. É há muito tempo um técnico virado para dentro e que, também por isso, não tem visto ser reconhecido internacionalmente o nível que tem, sobretudo com a cobiça dos maiores clubes do continente. Desta vez, o que não coincidiu com essa ideia foi a primeira declaração, a apontar para uma carreira longa na Liga Europa. Se assim era, o que aconteceu em Varsóvia?

Acredito que o Sporting regressará fortíssimo no dérbi, e que a derrota terá muito pouca influência no moral da equipa. Não só por situações anteriores, porque é esse o jogo que mais motivará jogadores e treinador. O Benfica pôs-se a jeito de ser ultrapassado e só isso será motivo suficiente para intensidade máxima. Mas, reforço, esperava-se mais do Sporting europeu.

Se os oitavos da Liga dos Campeões, e apesar dos bons sinais, nunca pareceram estar realmente ao alcance, a Liga Europa era o mínimo que os leões teriam de conquistar.