O registo pós-qualificação da França fala por si, até porque a única derrota aconteceu num jogo particular contra a Finlândia, no qual Didier Deschamps jogou com a segunda equipa.
A qualidade de jogo e o nível de entretenimento que oferece têm sido questionados, mas têm gerado vitórias em jogos-chave, com os campeões mundiais a continuar a patentear a habitual autoconfiança coletiva, a eficácia clínica e o talento individual.
Depois dos dez meses de interrupção impostos pela pandemia, Deschamps utilizou os jogos da Liga das Nações, no outono, para experimentar três diferentes sistemas táticos – 3-4-1-2, 4-4-2 losango e 4-4-2 –, mas também para observar jovens jogadores.
«Não consigo pensar em nada pior do que uma equipa que se eleva e não se reavalia. Também temos de surpreender os jogadores e agitar a rotina de vez em quando. Temos de pensar num plano B, C, ou D, variar os sistemas e pensar sempre numa solução que consiga baralhar os adversários», defende Deschamps.
Em novembro, o selecionador voltou ao seu 4-4-2 de eleição e venceu Portugal por 1-0, naquela que foi a exibição mais conseguida nos últimos três anos. E aí ficou claro que o plano A no Europeu deverá ser muito parecido com o que foi apresentado no Mundial da Rússia.
As únicas pequenas diferenças são que Samuel Umtiti e Blaise Matuidi (agora a jogar na MLS) deram lugar a Presnel Kipembe e Adrien Rabiot, regressado depois de ter recusado integrar a convocatória para o Mundial.
E claro, há ainda a repentina e inesperada convocatória de Karim Benzema, que não joga pela seleção desde outubro de 2015, devido ao alegado envolvimento na partilha de um vídeo sexual, que ele nega.
A integração de Benzema pode mudar toda a dinâmica da equipa, mas não foi uma decisão repentina, como explicou Deschamps quando anunciou a lista de 26 jogadores para o Europeu.
«Reunimos há algum tempo e tivemos uma longa conversa. Pensei durante muito tempo e decidi, como sempre faço, a pensar no melhor para a equipa. Ganhámos sem o Karim, mas ele está no auge e é um jogador diferente. Já nos conhecemos bem um ao outro e ele pode tornar a nossa equipa melhor. Só tenho de encontrar um novo equilíbrio, mas não tenho dúvidas sobre ele e tenho a sorte de ter jogadores inteligentes».
De resto, a força de França mantém-se igual: uma defesa sólida protegida por N’Golo Kanté e Paul Pogba, transições eficazes e um incrível ataque com muita velocidade, experiência e habilidade. As questões-chave serão o impacto que o regresso de Benzema terá, dentro e fora do campo, e a forma que vão apresentar os jogadores mais influentes - Lloris, Varane, Griezmann, Mbappé e Benzema – depois de uma temporada tão exigente e bizarra.