Cristiano Ronaldo deixou Portugal em festa e obrigou o resto do Mundo a pôr os olhos em Solna. Fernando Santos escreveu em Bucareste nova página brilhante como selecionador da Grécia. Mas nem só de heróis portugueses se escreveu a noite que permitiu conhecer mais seis finalistas do Mundial-2014. Em Saint-Denis, por exemplo, a França conseguiu a proeza de dar a volta a uma derrota por 2-0 na Ucrânia. É proeza mesmo: foi apenas a terceira seleção a dar a volta a uma derrota na primeira mão, em 25 playoffs europeus, de 1997 para cá.

Chutando para canto todos os problemas dos últimos anos, a equipa de Didier Deschamps reviveu por momentos o fôlego épico do seu Mundial de 1998. O marcador (3-0), diante de uma seleção a equipar de amarelo, até traz à memória o score da vitória sobre o Brasil, que valeu o título mundial. E o facto de os «bleus» terem sido empurrados por um herói improvável, o central do Liverpool Mamadou Sakho, faz lembrar a história protagonizada pelo seu ídolo, Lilian Thuram, que também escolheu um momento decisivo parar marcar os seus primeiros golos internacionais, na meia final com a Croácia. A polémica não faltou ao encontro, claro, com um golo em fora de jogo, de Benzema, compensado por um outro que lhe tinha sido mal anulado. Mas, tudo somado, é justo reconhecer que a França de Ribéry faria mais falta ao Mundial do que uma seleção ucraniana a acusar o peso do momento.

Na altura em que a França pôde suspirar de alívio, já uma outra seleção, a Croácia, fazia a festa, depois de uma vitória natural sobre uma seleção islandesa a viver claramente acima das possibilidades. O protagonista do jogo foi o ponta de lança do Bayern, Mario Mandzukic, pelo golo com que desbravou caminho para a qualificação, mas também pela expulsão disparatada, que obrigou a sua equipa a jogar 55 minutos com um homem a menos, antes de o incansável Srna acabar com as dúvidas: ainda não será desta que a Islândia se torna o país mais pequeno de sempre a jogar uma fase final.

O apuramento dos croatas fechou o quarteto de repescados europeus, confirmando que às vezes a teoria tem validade na prática: passaram os favoritos, ficaram pelo caminho as equipas com ranking mais baixo.

No mesmo sentido foi também a conclusão dos play-off da zona africana: depois de Nigéria, Camarões e Costa do Marfim terem feito a festa, no fim de semana, foi a vez de Gana e Argélia confirmarem o favoritismo anunciado, diante do Egito e do Burkina Faso. Um desfecho inédito: pela primeira vez, o continente africano vê apuradas as mesmas cinco seleções que, há quatro anos, já tinham carimbado o passaporte para a África do Sul. Um exemplo de status quo perfeitamente definido. Nesta terça-feira, o sportinguista Slimani foi um dos nomes em evidência na magra (mas suficiente) vitória argelina sobre o Burkina Faso, que permitirá ver no Brasil outros nomes familiares aos adeptos portugueses, como o portista Ghilas e o ex-vimaranense Soudani.

No Cairo, sem «portugueses» em campo, o Gana cumpriu a obrigação, depois da goleada da primeira mão, e garantiu o terceiro mundial consecutivo para os black stars. À margem da história, este terá sido o último jogo internacional do egípcio Aboutreika, para muitos o melhor futebolista africano da sua geração. Mais um, a juntar à galeria dos ilustres que passaram ao lado dos Mundiais.

Nesta quarta-feira ficam a conhecer-se os dois últimos apurados para o Brasil, com México (diante da Nova Zelândia) e Uruguai (da Jordânia) a precisarem apenas de cumprir a formalidade, dando sequência às goleadas da primeira mão.

Seleções já apuradas

Brasil, Japão, Austrália, Irão, Coreia do Sul, EUA, Costa Rica, Honduras, Argentina, Colômbia, Chile, Equador, Holanda, Itália, Bélgica, Suíça, Alemanha, Bósnia, Rússia, Inglaterra, Espanha, Costa do Marfim, Camarões, Nigéria, Argélia, Grécia, Croácia, PORTUGAL e França.