Efeméride é uma rubrica que pretende fazer uma viagem no tempo por episódios marcantes ou curiosos da história do desporto, tenham acontecido há muito ou pouco tempo. Para acompanhar com regularidade, no Maisfutebol.
 
11 de setembro de 1895, há precisamente 120 anos, a Taça de Inglaterra foi roubada. O crime chocou o país futebolístico e até se ofereceu uma avultada recompensa. Um criminoso confessou décadas depois, mas ainda não se sabe bem o que aconteceu... mesmo já tendo passado mais de um século.
 


O assalto
 
Ganhar a FA Cup é um feito que merece comemoração desde sempre. Vencedor da edição de 1895, no dia 20 abril, após vencer o West Bromwich Albion por 1-0, o Aston Villa resolveu expor o troféu na montra de uma loja de equipamentos desportivos em Aston, Birmingham, para mostrar a todos o grande feito que tinha alcançado.
 
Desde que a competição foi criada, em 1871, que o troféu foi entregue ao vencedor, que ficava encarregado de tomar conta dele até ser encontrado o novo dono, no ano seguinte. A «Little Tin Idol» (pequeno ídolo de lata), como era então chamada a taça, passava assim de mão em mão. Mas o seu percurso como prémio de sucesso desportivo foi subitamente interrompido.
 
Na noite de 11 de setembro de 1895, a taça foi levada da montra do estabelecimento onde estava exposta. Ninguém se apercebeu do assalto, e o desaparecimento só foi notado por William Shillcock, dono da loja, quando chegou para trabalhar na manhã seguinte.
 
Todas as buscas mostraram ser infrutíferas e nem a recompensa de 10 libras, bastante dinheiro para a altura, oferecida a quem desse informações sobre o paradeiro da taça, surtiu efeito. O Aston Villa teve assim que pagar uma multa de 25 libras, dinheiro que foi utilizado para fazer um novo troféu, réplica exata do anterior.


 
A confissão
 
Passaram mais de 60 anos até que novas informações surgissem sobre o assunto. Aos 80 anos, Henry James Burge confessou a um jornal ter cometido o roubo do troféu, e até se deixou fotografar com um pequeno pé de cabra na mão, junto à porta traseira que disse ter utilizado para cometer o assalto, para mostrar como o tinha feito.



Burge contou que entrou na loja com mais dois homens e, além da taça, levou vários pares de chuteiras. Disse ainda que derreteu o troféu nessa noite e usou a prata para fazer moedas falsas.
 
O problema é que a versão do assaltante confesso não bate certo com o que a polícia apurou sobre o roubo, algo que tinha aliás sido noticiado na imprensa aquando do assalto.
 
Quando chegou à loja, o dono viu estuque no chão. Ao olhar para cima viu um buraco no teto, utilizado pelos ladrões para entrar, depois de terem trepado e feito uma passagem na cobertura do telhado. E por aí voltaram a sair, deixando uns degraus de madeira no interior da loja. Além da taça, foram também levadas algumas moedas, mas nada de chuteiras, como constava na versão de Burge.
 
A polícia considerou que a confissão não poderia ser verdadeira e encerrou o caso. Burge não foi preso, obviamente, mas a verdade continua por descobrir.
 
E voltou a acontecer...
 
Por incrível que pareça, o Aston Villa viria a estar, 100 anos mais tarde, envolvido noutro roubo de uma taça. Estávamos em 1982, o troféu era a Taça dos Campeões Europeus (agora Liga dos Campeões), que desapareceu de um bar, para onde os jogadores a levaram para mostrar aos adeptos. A sorte desta vez é que a polícia conseguiu recuperar a taça, e na mesma noite.