Elias revisitou a carreira numa longa entrevista. O médio recebeu a Sporttv brasileira em Lisboa, mostrou a casa e falou de tudo. A começar, claro, pelo Sporting e pela aventura europeia. «Estou bastante adaptado e pretendo ficar aqui muito tempo ainda. Aqui é muito bom, gostei», referiu.

O brasileiro afirma-se feliz em Alvalade. «Qualquer jogador que chega aqui à Europa vai admirar-se com a cultura, que é totalmente diferente da brasileira, mas rapidamente se vai adaptando. O futebol é um pouco diferente, mas com o tempo conseguimos adaptar-nos e dar sequência ao nosso trabalho.»

Numa conversa descontraída, na qual mostrou a casa e até tocou bandolim, Elias contou alguns episódios curiosos. Por exemplo a chegada de Ronaldo, o Fenómeno, ao Corinthians. «Ele chegou de mochila. Eu e o Dentinho éramos os mais brincalhões. Falámos: Vai estudar?, sorri

«Foi para quebrar o clima, ele deu uma risada. Pudemos logo ver a simplicidade dele. Não conheci uma pessoa tão simples como ele é. Chegou no clube a brincar.» Mais tarde, aliás, foi o próprio Ronaldo a pregar uma partida a Elias. Meteu o Rei Pelé e, admite, deixou o sportinguista branco.

«Que negócio é esse de você estar falando mal de mim aí no Corinthians?», ouviu o sportinguista do outro lado: era Pelé. «O Ronaldo só se ria. Eu atrapalhado e ele a rir-se de mim», recorda o médio do Sporting. Pode lembrar toda a história aqui.

A depressão e a passagem a médio

Mas nem só de coisas boas Elias falou. Lembrou a depressão quando percebeu «que tinha caído no fundo», como aliás o Maisfutebol já tinha contado há uns meses: passou oito anos no Palmeiras, saiu para o Náutico mas não foi inscrito. «A partir daí foi luta. Eu, meu pai, minha família¿»

«Não conseguia arranjar um clube. Era um garoto, não tinha nome, ninguém me conhecia. Foi passando o tempo. Maio, Junho, Setembro... nada. Acabou o período de inscrições e eu fiquei o resto do ano sem jogar. E foi nessa época que comecei a jogar na várzea, para manter o ritmo», conta.

«Um amigo lligou e disse que tinha um teste para mim. O técnico seria o Rincón, que estava seleccionava jogadores para o São Bento de Sorocaba. Aceitei e fui treinar. Nesse dia bateu-me a depressão. Estava habituado a coisa boa: Palmeiras, Náutico... Pensei: Cheguei ao fundo do poço».

Foi também aí, porém, que Elias passou a médio. Antes era avançado. Rincón fez a adaptação, Marcelo Bittencourt, já no Juventus de São Paulo, voltou a insistir na mudança. «Disse que preferia jogar como avançado. Mas comecei a jogar bem e aí vi que essa era a minha. Mudou a minha vida».

Agora Elias já pensa em voos mais altos. Entre eles a selecção brasileira, claro. Quero cavar o meu lugar até 2014. Estou a trabalhar no duro para isso. Sempre que sou convocado, eu dou a vida nos treinos. Quando não jogo, estou lá ao lado com a equipa. Quando jogo, dou o meu máximo», lembrou.