Jackson, Jackson, Jackson, Jackson. O Maisfutebol colocou a questão a vários colombianos e a resposta não deixa dúvidas. Para eles, o avançado do F.C. Porto é uma certeza. Fredy Montero, por outro lado, continua a motivar dúvidas. Esse cenário muda a cada golo mas ainda não chega. A seleção cafetera está a um ponto do Mundial2014 e pode confirmar o apuramento nesta sexta-feira.

José Pekerman convoca regularmente Jackson para seleção e deixa Montero em lista de espera. Mas o caro leitor sabia que, mesmo sendo mais novo, o avançado do Sporting explodiu mais cedo no campeonato da Colômbia? Que foi o melhor marcador por duas vezes, contra uma do portista? Que o número de golos no país natal é similar?

Fredy Montero marcou 49 golos em 150 jogos realizados no país da cúmbia. Jackson Martínez festejou por 52 vezes, em 151 jogos. Ligeira vantagem para o dragão.

Em Portugal, Montero contabiliza nove golos em sete jogos. Jackson responde com os mesmos nove golos, embora tenha necessitado de dez encontros para atingir a marca.

Os números, perfeitamente equiparáveis, levantaram a questão: será que os colombianos têm preferência entre os dois compatriotas que balançam as redes na nossa Liga? Têm. Eles preferem o Cha Cha Cha.

«O Jackson é mais parecido comigo, por isso gosto mais dele. É um atacante excelente, de seleção. Montero? Sei que está a fazer muitos golos mas há umas opções para o ataque da seleção. Tem de fazer algo extraordinário para regressar», atira o famoso Faustino Asprilla, ao Maisfutebol.

Leão em destaque até escolher os Estados Unidos

As opinião são claras e baseiam-se no passado recente dos avançados. O jogador do Sporting cometeu um erro, segundo os seus compatriotas, ao rumar à Major League Soccer dos Estados Unidos. Para eles, o campeonato mexicano é mais competitivo. Jackson assinou pelo Jaguares e continuou a ser acompanhado pelos responsáveis da seleção.

Recuemos no tempo. Até 2008, o atual ponta-de-lança do F.C. Porto tinha apenas 16 golos marcados em 79 jogos com a camisola do Independiente de Medellín. O seu treinador acreditava, ignorava os assobios dos adeptos, sabia que estava ali um craque, um talento com despertar tardio.

No Torneio Finalización desse ano, Cha Cha Cha começa a justificar. Chega aos dez tentos. O melhor marcador? Fredy Montero, então avançado do Deportivo de Cali, com 16 golos. O leão já tinha sido o goleador do Torneio Apertura de 2007, num período de empréstimo ao Atlético Huila (13 tentos).

Montero despertou para os golos mais cedo. Chegou à seleção da Colômbia mais cedo. Entre maio de 2007 e agosto de 2009, foi chamado para a equipa nacional por quatro vezes. Marcou apenas um, num encontro particular frente à seleção da Catalunha, em pleno Camp Nou. Com a barriga, por sinal.



Fredy saiu da seleção quando Jackson entrou

Em janeiro de 2009, Fredy Montero despediu-se da Colômbia para assinar pelos Seattle Sounders. Desapareceu. O avançado começou a perdeu estatuto no seu país e seria chamado à seleção apenas por uma vez mais. Curiosamente, o seu espaço foi preenchido por Jackson Martínez.

O atual ponta-de-lança do F.C. Porto cresceu nesse ano. Marcou 18 golos no Torneio Finalización, um recorde que se ainda se mantém.

Eduardo Lara, o selecionador da altura, prepara dois jogos particulares nos Estados Unidos da América e dá mais uma oportunidade a Montero. Chama o leão para o primeiro compromisso, frente a El Salvador em Houston, mas o Seattle Sounders não o liberta. O técnico insiste, muda o plano e utiliza-o na partida seguinte, frente à Venezuela em Nova Iorque. Foi a última vez.

Fredy Montero despediu-se da seleção a 12 de agosto, Jackson Martínez apareceu no final desse mês. Marcou na estreia, frente ao Equador, e conquistou desde logo o seu espaço. Soma 18 internacionalizações.



Dragão apontado ao onze, leão disputa a última vaga

«A carreira de Jackson tem tido um crescimento constante que perspetiva um salto para cenários superiores a curto prazo. Montero tem de recuperar o faro de golo, extraviado nas épocas perdidas nos Estados Unidos, para consolidar-se na Europa. Neste momento, Jackson é superior a Montero», analisa Juan Diego Ortiz, jornalista do El Tiempo.

Jackson merece a confiança de José Pekerman e está na convocatória para os jogos com Perú e Paraguai. Os colombianos não têm dúvidas quanto ao seu valor e gostariam de ver o portista ao lado de Radamel Falcao, com Teo Gutierrez, ele que se está a adaptar ao River Plate, no banco de suplentes.

E Fredy Montero? «Para voltar à seleção, o Fredy tem de manter este rendimento fantástico. Se o fizer terá possibilidades. A última vaga para o ataque vai ser disputada entre ele, o Carlos Bacca e o Carlos Darwin Quintero. Falcao, Teófilo Gutierrez, Jackson e Muriel estão certos», explica Francisco Henao, jornalista do El País.

Curiosamente, o leão tem melhor registo de golos que os avançados chamados por Pekerman. Montero (9 golos em 7 jogos) supera Jackson Martínez (9 em 10), Radamel Falcao (7 em 9), Carlos Bacca (6 em 12), Luis Muriel (4 em 9), Carlos Quintero (4 em 13) e Teo Gutierrez (2 em 8). Ainda não chega, mas a Colômbia começa a despertar para Fredy.

Pedro Sarmiento, que treinou os avançados de Sporting e F.C. Porto na Colômbia, aplaude a dupla. «Montero tornou-se muito parecido com Falcao, mas desapareceu do nosso radar quando foi para os Seattle Sounders. É difícil vê-lo na seleção, mas tem qualidade para isso. Sei que está a ser observado».

«Jackson impôs-se mais facilmente do que o Montero porque tem mais dimensão. Por mim, a dupla de ataque da seleção seria formada por Jackson e Falcao», remata o técnico, em conversa com o Maisfutebol.

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