Em entrevista ao Maisfutebol e à TVI, Carlos Queiroz passou em revista vários assuntos da atualidade, mas não se coibiu de apresentar algumas teorias. Uma delas, muito curiosa, diz respeito ao papel dos adeptos no estádio no espetáculo milionário em que se tornou o futebol:

«Quando eu cheguei ao futebol, o que contava eram as 60 mil pessoas que estavam aqui dentro. Hoje estas pessoas já não contam para nada: são figurantes, como nós somos figurantes. Hoje o que conta são os três milhões de pessoas que estão em casa a ver o jogo pela televisão e que pagam o espetáculo através da audiência da publicidade. Aliás, até costumo dizer a brincar que não vai passar muito tempo até que o futebol seja como um programa de televisão em que dão 100 ou 150 euros para as pessoas virem ao estádio e fazerem o espetáculo. Eu acho que, por exemplo, no Mundial não faz sentido o adepto pagar 200 euros por um bilhete para fazer um espetáculo que depois é vendido a 30 milhões ou 50 milhões de pessoas. Essa pessoa é figurante do espetáculo, tem de ser paga. Era como o filme do Ben-Hur ou dos Dez Mandamentos em que vão para lá os figurantes e ainda tinham que pagar... Não. Isto tudo para dizer que o futebol mudou em muitas coisas e nós, treinadores, temos de nos adaptar a isto, senão morremos. Se não entender que tem de haver uma harmonia entre o que se passa dentro de campo e fora de campo, então quem tem que sair do futebol sou eu.»

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