Cédric esteve 17 anos no Sporting e defrontou o Benfica em todos os escalões. Nos seniores nunca venceu o rival da Segunda Circular e esta época assiste de fora, e com agrado, aos resultados positivos do Sporting frente ao Benfica.

Este sábado há mais um dérbi, desta feita em Alvalade, para a Taça de Portugal. O lateral direito do Southampton espera pela terceira vitória leonina, mas sublinha que os dérbies são sempre imprevisíveis.

Quanto ao campeonato, que é liderado pelo Sporting, diz que é cedo para falar em campeão. Ele que nunca conquistou esse título em Alvalade, mas que se lembra das conquistas de 1999/2000 e 2001/2002.

Em entrevista ao Maisfutebol, Cédric falou ainda da experiência em Inglaterra, de José Mourinho, da Seleção e do Europeu em França. Leia sobre estes temas no próximo domingo. Para já, a análise do jogador ao dérbi e ao momento do Sporting.
 

Este sábado joga-se o terceiro dérbi da temporada. O Sporting inverteu a história dos últimos anos e venceu os dois primeiros jogos ao Benfica. O que espera deste próximo jogo?

Um dérbi é sempre um dérbi. É sempre difícil de dizer quem vai ganhar. Se me pergunta quem quero que ganhe: não há dúvidas. É o Sporting, o clube do meu coração. Mas um dérbi é sempre complicado. Nos dois primeiros o Sporting mostrou claramente ser superior, mas num jogo destes o resultado não se consegue prever. Se o Sporting continuar como até aqui, está no bom caminho e está mais perto da vitória. Mas é tudo uma incógnita.

Conhecendo a maior parte dos jogadores do Sporting, não teme que a excessiva confiança ganha nos dois últimos confrontos prejudique a equipa?
Não. Nada. Eles sabem que é um jogo de vida ou morte. Quem perder fica afastado da Taça de Portugal. Os jogadores têm noção dessa responsabilidade e sabem que um dérbi é sempre diferente, independentemente do último resultado. Além disso, apesar de o grande objetivo do Sporting ser o campeonato, a Taça é sempre um título importante e por isso não se vão deixar levar por euforias.

Quanto ao campeonato: o Sporting está bem lançado para o título, depois de vários anos afastado dessa hipótese. O Cédric não foi campeão em Alvalade… (interrompeu)
Não fui e era pequenino quando o Sporting foi campeão as últimas vezes, mas na última estava no estádio e não faltei a um único jogo. Ia com o cartão de jogador, que nos dava acesso ao Estádio de Alvalade. Vi o Sporting ser campeão nas duas últimas vezes, as únicas que vi, e foi especial.

Mas acha que o Sporting pode voltar agora a ganhar a Liga?
Espero que sim, já que quando estive no clube não o conseguimos fazer. Espero mesmo que este ano o Sporting consiga atingir esse grande objetivo. Mas ainda falta muito campeonato. É muito cedo para falar sobre o campeão.

Como vê Jorge Jesus no Sporting?
Ao início confesso que fiquei surpreendido. Mas é um grande treinador. Tem muita qualidade, exige muito dos jogadores e o trabalho dele tem dado provas. Não só a nível de resultados. Jesus consegue tirar o melhor de cada jogador. Trabalha muito bem a todos os níveis. Por isso, não me está a surpreender aquilo que tem conseguido.

O sucesso do Sporting deve-se a ele?
Em parte, claro. Mas não só. Por exemplo, José Mourinho é um treinador de topo e este ano não lhe está a correr muito bem, não está a conseguir controlar algumas situações. Por isso, acho que os resultados não estão dependentes apenas dos treinadores.

Tem mantido contato com os seus ex-companheiros de equipa?
Sim, claro. Mantenho-me próximo de vários. Acima de tudo, porque muitos deles são meus amigos e tento procurar que essa relação de amizade se mantenha.

E o que dizem eles sobre a chegada de Jorge Jesus e este «novo» Sporting?
Acolheram-no, como acolheram o Marco Silva. Mudam as pessoas, mas as situações são sempre idênticas. Os jogadores têm sempre de se adaptar às ideias do treinador e acho que eles têm feito um esforço positivo para que isso aconteça. Aliás, os resultados estão à vista. Por isso, penso que estão a gostar de trabalhar com o novo treinador.



Os resultados têm sido positivos, mas há várias semanas que há um processo por resolver em Alvalade: a renovação de André Carrillo. Como tem assistido a isso?
Gosto muito do Carrillo, como jogador e como pessoa. Só cabe a ele tomar a decisão. É difícil falar sobre isso, estando de fora. É um jogador com muita qualidade e que já deu muito ao Sporting, mas é ele que tem de analisar o que é melhor para ele. Tal como o Sporting tem de ver o que é melhor para o clube. Desejo o melhor a ambos. Gostava de o continuar a ver com a camisola do Sporting, pois acho que podia ajudar bastante, mas não me quero alargar muito neste tipo de matéria.

O Cédric não teve problemas destes: não forçou a saída, saiu pela porta grande e claramente com a hipótese de um dia regressar.
Sem dúvida. Acho que temos de tentar sempre deixar a porta aberta. No meu caso acho que sim, que a tenho e que não se fechará. Agradeço tudo aquilo que sou ao clube e respeito a instituição ao máximo. Mas nem todos os casos são resolvidos assim. Também é diferente quando se é jogador da formação. Estive 17 anos no Sporting, não conheci praticamente outra casa e nunca iria sair a mal com o clube. Saí na altura certa e a transferência foi positiva para todas as partes.