Embora tenha emigrado há três anos, Daniel Carriço continua a acompanhar o futebol português. Em entrevista à MF Total o jogador do Sevilha considera difícil o Benfica deixar fugir o título, e teme que as limitações orçamentais afastem o Sporting desta luta nos próximos anos.
 
Que análise faz à luta pelo título em Portugal, na ressaca do clássico entre Benfica e FC Porto?
Tem sido um Benfica sempre regular. O FC Porto também está na luta, mas continua a três pontos, que na prática são quatro. É difícil o Benfica perder pontos, até pelas enchentes que vai ter agora nos últimos jogos, e que vão empurrar a equipa. O FC Porto tem de lutar até ao fim, mas vai ser difícil.
 
E que balanço faz da época do Sporting?
Está a fazer uma boa temporada. Deixou uma boa imagem na Europa. O orçamento é distinto de Benfica e FC Porto, por isso as discrepâncias são normais. Para o Sporting estar na luta é necessário que o orçamento aumente, mas nesta altura isso é difícil. Vai ser complicado entrar na luta nos próximos anos, a não ser que Benfica e FC Porto reduzam os orçamentos.

 
A única diferença é o orçamento? No resto o Sporting está no caminho certo?
É um clube organizado. É necessária estabilidade. Não se pode estar todos os anos a trocar de treinador ou de direção. Mas passa um pouco por essa questão do orçamento. O Sporting tem uma grande formação, mas os jovens precisam de cometer erros para aprender. Por isso é preciso uma mescla: o Sporting tem muitos jovens e precisa de jogadores com mais experiência.
 
Tendo em conta a tal estabilidade que defendeu, considera que Marco Silva deve continuar?
Sim. É um excelente treinador. Provou-o no Estoril, e agora está a fazer um bom trabalho no seu primeiro ano de Sporting. Deve apostar-se na estabilidade. Ainda para mais é um técnico jovem, e parece ter uma ótima relação com os jogadores. Seria uma mais-valia continuar, embora não esteja no clube e não saiba como está a relação lá dentro.
 
Dos vários amigos que deixou no Sporting, quem se tem destacado esta época?
O Adrien e o Rui (Patrício), por exemplo. O Adrien tem feito uma época muito regular, como nos últimos anos. Gosto de ver que não falha um penálti, tem uma eficácia fantástica. O Rui está a fazer mais um ano ao seu nível. Mais não pode fazer.

 
Trabalhou no Sporting com o Rui Patrício, o habitual titular da Seleção, e agora é colega do Beto, o nº2 da equipa das quinas. Se estivesse no lugar de Fernando Santos quem escolheria?
É difícil. São dois amigos e excelentes guarda-redes. Deixo isso para o selecionador (risos).
 
Para além do Beto há outro colega português no Sevilha. Como têm sido estes dois anos com o Diogo Figueiras?
Ao início foi muito importante estarmos cá os três. É sempre uma ajuda, embora Espanha não seja assim tão diferente. Também fomos bem acolhidos, o grupo é fantástico. O Diogo é um jovem com muita qualidade, com muita margem de progressão, e pode ambicionar algo mais. É jovem, é rápido, ofensivo, joga bem com os dois pés...

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