Três temporadas de nível elevado em Paços de Ferreira, transferência para o Las Palmas e um dos mais mediáticos campeonatos do mundo. Hélder Lopes, 28 anos, nado e criado em Vila Nova de Gaia, candidato a um lugar no lado esquerdo da defesa da Seleção Nacional em exclusivo ao Maisfutebol.

A partir da capital da Gran Canaria, «um paraíso na terra», Hélder fala dos primeiros seis meses por dentro da La Liga e de um duelo muito especial no Camp Nou. Contra Leo Messi, pois então, um senhor que caiu no planeta Terra, vindo sabe-se lá de onde.

Dez presenças em jogos oficiais, depois de uma lesão complicada, e exibições que começam a convencer a exigente afición do Las Palmas. Gente apaixonada, gente que trata os seus futebolistas como verdadeiros deuses. Que o digam Kevin-Prince Boateng e agora Jesé e Halilovic.

Entre eles, um português obcecado por vitórias: Hélder Lopes, «de calções e havaianas todo o ano» na ilha espanhola. Não, em Las Palmas o inverno não está a chegar.
 

MF – 21 de setembro de 2016. Lembra-se do que se passou neste dia?
HL – Claro, nunca me esquecerei (risos). Fiz a minha estreia na liga espanhola. Jogámos em San Sebastian, contra a Real Sociedad.

MF – Só foi titular à sétima jornada. O que aconteceu antes?
HL – É verdade, tive de esperar. Infelizmente tive um problema físico durante a pré-temporada. Levei uma pancada no joelho e parei um mês. Quando voltei de lesão, nessa semana da estreia, fui logo convocado e ainda joguei 32 minutos. Foi uma sensação brilhante, cumpri um sonho.

MF - Seis meses no Las Palmas e na I divisão de Espanha. Qual o balanço?
HL – Positivo, muito positivo. Estou num clube fantástico e tenho todas as condições para trabalhar. Tenho jogado regularmente e muitas ambições para a segunda metade da temporada.

MF – Estar a jogar na liga espanhola aproxima-o da Seleção Nacional?
HL – Sim. E é importante dizer que a seleção é um objetivo, mais do que um mero sonho. É a próxima etapa que pretendo alcançar, representar o meu país. Estou num campeonato competitivo, numa excelente equipa [11º classificado] e sinto que me estou a aproximar da seleção.

MF – Já teve algum contato com o selecionador ou com alguém da federação?
HL – Fui informado, sim, e sei que estão muito atentos ao meu trabalho. Estou a dar tudo e a aguardar que surja uma oportunidade. Estou no melhor momento da minha carreira, a jogar num patamar altíssimo e… à espera.

MF – Está num patamar que lhe dá a oportunidade, por exemplo, de marcar Messi. Como é que se prepara um duelo desses?
HL – Não se prepara (risos). Só o via na televisão e já sabia que era um génio. É de outro planeta, mesmo. Marcá-lo foi uma experiência sobrenatural. Tentei estar concentrado, sabia que um pequeno erro estragava tudo. E tentei fazer uma gracinha com bola. O importante é estar vivo, atento, concentrado, ele pode fazer o que quiser do jogo. Perdemos 5-0 no Camp Nou, mas o Messi só marcou um golo.

Messi, Suarez e Hélder Lopes: Camp Nou, 14/01/17

MF – Já leva várias épocas no futebol sénior. Consegue escolher o melhor futebolista que teve como colega de equipa?
HL – Tive muitos colegas de equipa, mas com o Urretaviscaya [ex-Benfica, V. Guimarães e Paços, agora no Pachuca] jogava de olhos fechados, tudo saía bem. As tabelas, as compensações, tudo. É um jogador para patamares altos, tive pena que não tivesse vencido no Benfica. Tem uma qualidade fantástica. Ajudou muito o Paços e é uma grande pessoa.

MF – Na época passada foi colega do Diogo Jota. O salto dele surpreendeu-o?
HL – Falei muitas vezes com o Diogo. Dei-lhe vários conselhos e ele gosta muito de ouvir. Acho que fizemos uma grande dupla e uma excelente época. Avisei-o que ia sair do Paços. É um miúdo humilde, equilibrado e tem capacidade mental e técnica para jogar ao mais alto nível. Fico feliz, gosto do Diogo.

MF – Prefere vê-lo a jogar na esquerda ou no meio?
HL – Gosto mais de vê-lo aberto na esquerda. Fazíamos combinações fantásticas. Ele foge muito bem para o centro e é difícil pará-lo. É forte e remata bem, além de possuir uma técnica invulgar. Finaliza bem, talvez seja por isso que agora posiciona-se mais no centro.

MF – E em Espanha já teve a oportunidade de estar e falar com o Cristiano Ronaldo?
HL - Quando o Real Madrid veio a Las Palmas troquei de camisola com ele. Por acaso não saí do banco, mas falámos. Trocámos impressões e disse-lhe que tenho esse desejo: estar ao lado dele no Mundial2018.

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