Aos 25 anos, o lateral João Góis está a cumprir o sonho de jogar na I Liga. Em três jornadas ao serviço de Paços de Ferreira foi titular e totalista nos três encontros e ainda não provou o sabor da derrota. Este momento especial acontece pouco depois daquela que foi «a maior desilusão» da sua vida.
 
Na época passada, João Góis vestia a camisola do Chaves, da II Liga. O objetivo era a subida de divisão e, até 30 segundos do fim do último jogo da temporada, essa meta tinha sido atingida, mas rapidamente tudo mudou. Com a conjunção dos jogos dos adversários, o Chaves passou de campeão a não conseguir a subida, e os bilhetes para a primeira couberam a Tondela e União da Madeira.
 
«Foi a maior desilusão da minha vida, até agora», conta o lateral em entrevista ao Maisfutebol. «Aqueles últimos 30 segundos foram do pior. Os adeptos já estavam a gritar campeões e de repente fez-se silêncio no estádio e ficámos todos sem reação. As horas seguintes foram mesmo muito más. Não desejo isso a ninguém».
 
«Demos tudo o que conseguíamos. Se bem que pudéssemos ter amealhado mais uns pontinhos em jornadas anteriores, na reta final estivemos muito bem. Cada um deu o seu melhor para conseguir o objetivo que era a subida de divisão, mas não conseguimos», recorda.
 


Foi no dia 24 de maio que este jogo teve lugar e uma semana depois, a 2 de junho, João Góis chegou a acordo com o Paços de Ferreira para ser jogador dos Castores. «Esse foi o momento mais especial da minha carreira», garante.
 
«Depois da época passada, estava muito triste, mas tinha feito uma boa temporada e sabia que alguma coisa iria aparecer. E fico muito contente por ter sido o Paços. É uma equipa que há duas épocas esteve na Liga dos Campeões, que joga contra clubes de topo». Aliás, a ambição de um dia competir na liga milionária também passa pela cabeça de João Góis. «Acho que qualquer jogador tem esse sonho de jogar a Liga dos Campeões e o meu também passa por aí».
 
«Nunca tinha jogado num estádio com tanta gente»
 
E não tem sido de azar o início de época do número 13 pacense. «A experiência na I Liga está a ser muito boa. Desde o primeiro dia, notei logo uma diferença muito grande. O clube está muito bem organizado e senti que as pessoas me acarinhavam como se já estivesse a jogar aqui há dez anos. As condições do clube são excelentes, é diferente do que eu estava habituado. Era mesmo isto que eu estava a precisar para a minha carreira», conta entusiasmado.
 
E o jogador não esconde que foi especial a estreia em campo como primodivisionário. «Estava muito ansioso antes do primeiro jogo, mas foi só até começar, depois do apito inicial, as coisas começaram a correr normalmente e até acabou por ser uma boa estreia. A partir daí, foi dar continuidade».
 
«Na segunda jornada fomos jogar contra o Sporting, foi uma coisa nova para mim. Nunca tinha jogado com tanta gente no estádio. Mas foi como na primeira jornada. Aquela ansiedade antes, mas depois de o jogo começar, começa tudo a fluir normalmente», assegura.
 
E qual é a sensação de deitar um balde de água fria no estádio de Alvalade ao conseguir um empate? «É uma sensação muito boa. Sabemos que são jogadores que disputam a Liga dos Campeões, que jogam pelo título nacional, e nós sentimos que estamos ao nível de um dia podermos jogar no Sporting, quem sabe».
 
Até porque vestir a camisola de um dos grandes é uma das ambições de João Góis, mas com os pés bem assentes no chão. «Claro que um jogador quer sempre chegar o mais acima na carreira, mas o mais importante é fazer uma boa carreira, porque sendo jogador, é curta. Seja aqui, ou lá fora, o mais importante é conseguir juntar o máximo de dinheiro possível para poder ter uma boa vida depois».
 
A referência de João Góis sempre foi Daniel Alves e o lateral até ambiciona um encontro em campo um dia destes. «Espero que nos possamos cruzar um dia na Liga dos Campeões».
 
Um caminho difícil feito quase sempre sozinho
 
Natural da Madeira, João Góis fez toda a formação nas escolhas do Nacional. «Depois dos juniores saí para o União, no primeiro ano de senior, que não foi muito fácil. Joguei só três ou quatro jogos numa época inteira», conta o lateral. «Depois estive dois anos no Camacha e, através de um colega do Camacha, chegou a oportunidade de ir para o Sertanense, onde joguei uma época. Fiz tudo sozinho, sem empresário. Depois, já com empresário, é que fui para o Chaves e agora cheguei ao Paços de Ferreira».
 
«Sempre tive o objetivo de chegar à I Liga e sabia que ia conseguir, sabia, isto é... ia fazer tudo para conseguir», conta determinado, recusando a ideia de que seja tarde para começar no topo do futebol nacional. «Queria chegar um bocadinho mais cedo, mas não foi possível e acho que cheguei numa boa idade. Já tenho alguma experiência, que me está a ajudar agora. Se calhar, se chegasse mais novo, as coisas tinham sido diferentes», frisa.
 
A companhia da guitarra
 
João Góis descreve-se como «uma pessoa divertida, sempre na brincadeira». «Acho que é impossível ver-me mal disposto. Só se for assim muito de manhã, e até nem é mal disposto, é mais sem reação. De resto, estou sempre bem disposto e gosto de fazer as pessoas rir», conta.
 
Mas há ainda outra faceta importante na vida do lateral: a música. Nas redes sociais encontrámos alguns vídeos em que o jogador mostra que também dá uns toques na guitarra e que tem uma boa voz para acompanhar. Dotes musicais que também partilha com os companheiros de equipa.
 
«Desde miúdo, sempre gostei de cantar, aprendi a tocar guitarra sozinho, e é o que eu faço nos tempos livres, tocar e cantar. Com a música faço algumas brincadeiras, karaoke, e assim, mas nada sério», garante.
 
«Antes dos jogos gosto de ouvir música e cantar para descontrair», explica e garante que nunca ninguém lhe pediu para se calar. «Os colegas dizem que eu canto bem e até pedem para eu cantar», assegura.

 
 

Um vídeo publicado por João Góis (@jgois13) em
 

 

@carinaimartins 😁😁

Um vídeo publicado por João Góis (@jgois13) em