Benfica-Sporting. FC Porto-Benfica. Sp. Braga-V. Guimarães… O futebol nacional, como em todo o mundo, está cheio de rivalidades. A do Paços de Ferreira com o Freamunde, não sendo das mais mediáticas, é, para quem conhece bem a realidade, uma das mais acirradas.

Freamunde pertence ao concelho de Paços de Ferreira. É, até, mais numeroso em população do que a própria capital concelhia, mas, no futebol, o destaque é, desde há vários anos, o Paços de Ferreira. E os «castores» nem têm tido problemas em «pescar» no rival talentos que interessem ao seu objetivos. Algo que aconteceu com Luiz Carlos, agora no Sp. Braga, e que se repetiu, esta época, com Pedrinho ou Pedro Monteiro, embora este por empréstimo dos bracarenses.

A mudança de Pedrinho, contudo, grande figura do Freamunde na temporada transata, não foi, de todo, pacífica. O médio saiu a custo zero, no rival houve quem não compreendesse a decisão e as críticas foram inevitáveis.

«A verdade está a começar a vir ao de cima», defende Pedrinho nesta entrevista com o Maisfutebol. Onde também assume que daria preferência a uma proposta de um grande em detrimento de um campeonato estrangeiro. E onde opina sobre a luta pelo título vendo um Benfica destacado e, acima de tudo, «mais equipa».

O Paços de Ferreira foi o único clube da Liga que lhe apresentou uma proposta no verão?

Não. Graças a Deus tive quatro, cinco propostas da Liga. E também do estrangeiro, mas não queria. Não é o momento certo para ir lá para fora. Queria jogar primeiro na Liga e depois, se o futuro o quiser, vou analisar as propostas. O meu foco era aqui.

Trocar o Freamunde pelo Paços nunca é muito fácil e no seu caso também não foi pacífico. Chegou a dizer que na altura certa as pessoas iam saber toda a história. Já chegou essa altura?

Não, não... Deixo o tempo encarregar-se de deixar a verdade sobressair. As pessoas já começam a entender. Antes, não é que me olhassem torto na rua, mas havia sempre um ou outro. Agora acho que as pessoas já começam a entender o meu lado. Mesmo nem sabendo a verdade, desconfiando mais da verdade do outro lado. E isto sem querer chamar mentiroso a ninguém. O que dois dirigentes do Freamunde vieram para os jornais falar, na altura, se calhar nem tudo era verdade. Fizeram de mim o que quiseram fazer. Pintaram-me da cor que quiseram. Agora a verdade vem ao de cima. Estou convencido que virá.

Sente-se de consciência tranquila?

Sem dúvida. Para mim é chato falar disto porque o Freamunde é o meu passado e o meu presente é o Paços. Tudo o que disser pode virar-se contra mim e eu não quero isso porque as pessoas aqui acarinharam-me a 300 por cento. Não só a direção, como o plantel, como a massa adepta... Foram muito carinhosos comigo. No futuro terei oportunidade de dizer o que quero dizer.

Acha que se leva longe de mais as rivalidades no futebol?

No meu caso nem tanto. As pessoas falaram muito, há sempre um ou outro que fala muito. Mas para mim foi tranquilo. Não se lê as notícias, não se vê o que as pessoas dizem... Passa-me tudo ao lado. O mais importante foi a minha família, a minha noiva e a família dela, e os meus amigos. Consegui ver quem são os meus amigos. Por um lado foi bom isto acontecer, porque vi quem são os meus amigos de verdade. Isto é o mais importante. Toda a gente conseguiu compreender o meu lado, deu-me apoio. Não há nada que me deixe mais feliz do que ver a minha família e os meus amigos do meu lado.

Continua convicto que foi a decisão certa?

Sim. Desde o primeiro dia que sabia que era a decisão certa, porque tenho a consciência tranquila. Só tenho é de desfrutar do que tinha vindo a trabalhar para conseguir o meu grande objetivo que era chegar à Liga.

Conta ficar muitos anos no Paços?

Não gosto muito de pensar no futuro. Mesmo na II Liga, quando me perguntavam se queria sair, se estava com pressa, eu dizia sempre que queria trabalhar para fazer um bom campeonato. O futuro a Deus pertence. Gosto de trabalhar hoje e as coisas vão surgindo com naturalidade.

Gostava mais de jogar num grande em Portugal ou num campeonato estrangeiro?

Um grande é sempre um grande... Claro que seria um sonho. Mas o estrangeiro também é importante para nós, para ganharmos outra responsabilidade e como experiência. Mas um grande é sempre um grande…

Tem preferência, já agora?

Não. Mesmo que tivesse não ia dizer… (risos)

E em relação ao estrangeiro, há algum campeonato que goste mais?

Gosto da Liga inglesa. Mas para mim seria mais complicado pelo estilo de jogo. Se calhar para mim era melhor a espanhola e a alemã.

Já enfrentaram dois candidatos ao título, Sporting e Benfica. Falta o FC Porto. Mas, pelo que tem visto, como antevê essa disputa?

O Benfica está um bocadinho destacado. Pela qualidade que os jogadores têm, mas também porque o Benfica parece-me ser mais equipa do que o FC Porto ou o Sporting. Se calhar é essa a diferença. Não quer dizer que as coisas não possam mudar, mas, hoje, até agora, o Benfica parece-me mais equipa. Parece-me querer mais. Tenho a certeza que todos os jogadores do FC Porto e do Sporting querem ser campeões, mas quando digo querer mais é porque o plantel até pode nem ser o que tem mais qualidade, mas como equipa é o que está a funcionar melhor e isso é o mais importante no futebol.